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1º de maio: A decadência do movimento sindical

A partir do golpe de 1964, a ditadura militar decretou intervenção nos sindicatos, federações e confederações sindicais. Dominados pelos interventores (agentes do regime), o sindicalismo passou a ser controlado pelos aparelhos militares. Após 1965, o movimento sindical atuante é dominado pelo sindicalismo de resultado, ou seja, submisso à vontade dos patrões, atuando de forma assistencial na prestação de serviços assistenciais, médicos e jurídicos aos seus associados, inexistindo a atuação política, reivindicatória ou ideológica.

Durante os anos de chumbo impostos pela ditadura, empresários e dirigentes sindicais “pelegos” dominavam as estruturas do movimento sindical. Entretanto, no fim dos anos 70, a partir das mobilizações independentes dos trabalhadores, construindo movimentos de oposições sindicais, a pressão contra a intervenção e pela liberdade de organização fez com que várias entidades sindicais fossem resgatadas das mãos dos interventores. Com o considerável aumento da mão-de-obra assalariada no eixo Rio, São Paulo e Belo Horizonte e as péssimas condições de trabalho e baixos salários, acendeu o estopim das lutas por melhores salário e condições de trabalho.

Entre 1977 e 1988, o movimento sindical, já dominado por dirigentes ligados a partidos de ideologia socialista e de esquerda, organizou e mobilizou trabalhadores ao enfrentamento pelo fim da ditadura e pela abertura política, pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita, pela volta dos exilados políticos, pela formação das centrais sindicais, com destaque da criação da CUT, pela nova constituinte e pela campanha “Das Diretas Já”, que culminou com o “Fora Collor”.

Foram anos de lutas e reconhecimento dos trabalhadores ao movimento sindical e às entidades sindicais, sua importância no cenário político nacional e seu fortalecimento, que perdurou até meados dos anos 90.

As comemorações do Dia do Trabalhador

Praticamente, durante todos esses anos, a partir dos anos 80, as comemorações do Dia do Trabalhador reuniam milhares de trabalhadores em todo o país, destacando as concentrações nas grandes capitais. Entretanto, após a eleição do sindicalista Lula à Presidência da República, a expectativa dos trabalhadores era de um governo verdadeiramente voltado aos interesses da classe trabalhadora, dos mais pobres e dos oprimidos pela selvageria do mercado capitalista.

Os trabalhadores depositaram em Lula todas as esperanças por dias melhores, o que não aconteceu. Pelo contrário, o que vivenciaram foi a total inoperância do movimento sindical, atado, oprimido pelas ordens palacianas, ditados pelo então presidente. Nunca na história do movimento sindical, nem nos tempos da ditadura, vimos representações dos trabalhadores tão acuadas e submissas à vontade da classe patronal. Foram 13 anos de imobilismo e “peleguismo” praticados por lideranças sindicais que outrora combateram a ditadura.

Esse “peleguismo” no movimento sindical de esquerda, surgiu nos governos do PT, principalmente quando diversas lideranças sindicais assumiram cargos palacianos. Hoje, temos um sindicalismo totalmente refém do patronato, imobilizado e sem força para reagir, pois não consegue reorganizar os trabalhadores para o enfrentamento, como ocorreu na reforma trabalhista que retirou diversos direitos garantido na CLT. Exemplo desse fiasco foram as comemorações desse 1º de Maio, que ficaram reduzidas às manifestações políticas dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e Ciro Gomes, em pronunciamento televisivo.

Quanto às “lideranças” sindicais, estão mais preocupadas em se manter nos seus respectivos empregos, visto que são detentores de estabilidade no emprego. A que ponto chegamos!!!

Carlos Augusto (Carlão)
Jornalista, sindicalista e advogado

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