Paula tinha um dom raro: enxergava a música como uma forma de tocar vidas. Para ela, uma serenata não era apenas uma canção, mas um presente embalado por afeto, memórias e intenções profundas. E nós, privilegiados por sermos suas mãos e vozes, tivemos o prazer de transformar seus desejos em momentos inesquecíveis.

Tudo começava com suas ideias. Paula criava celebrações únicas, onde o amor era o protagonista. Em seus jantares especiais, ela nos instruía a entrar como uma surpresa. Ali, entre pratos e conversas, cantávamos para cada convidado, personalizando a noite com palavras e melodias que pareciam feitas sob medida para cada coração ao redor da mesa.

Em Santana de Parnaíba, ela inovou ao planejar uma serenata em pleno casamento coletivo. Cinquenta casais — cem corações batendo em sintonia. A cada música e mensagem, reforçamos os laços de amor que aqueles pares renovavam diante de todos. Não era apenas um casamento, mas uma celebração do amor em sua forma mais universal.

Paula também nos levou a outros cenários marcantes. Em um casarão histórico, preparamos uma serenata para a primeira-dama da cidade. Entre as paredes que carregavam ecos do passado, nossas canções trouxeram lágrimas, sorrisos e uma emoção que parecia pairar no ar. Na igreja da mesma cidade, repetimos a experiência, enchendo aquele espaço sagrado com notas que pareciam dialogar diretamente com o divino.

Em sua própria casa, Paula criou momentos igualmente mágicos. Em um evento memorável, pediu um carnaval com marchinhas do começo do século passado. As melodias nostálgicas invadiram sua sala, transformando o espaço em um salão de alegria e memórias. Anos depois, ela repetiu a dose, dessa vez na cantina de tia Lina, em São Roque. Entre taças de vinho e pratos italianos, cantamos clássicos de carnaval e finalizamos com uma mensagem que fez todos se emocionarem.

Mas foi em 2024 que Paula nos confiou sua missão mais especial: homenagear dona Eugênia,a tia de seu marido, Mário, em seu 90º aniversário. A senhora, cheia de simpatia e serenidade, nos recebeu com olhos brilhantes e coração aberto. Naquele momento, parecia que todas as canções de Paula haviam convergido para este instante de pura gratidão à vida.

Meses depois, recebemos a notícia de que Paula havia partido, vítima de um câncer. Foi um golpe duro, mas também uma oportunidade de refletir sobre o legado que ela deixou. Paula presenteava seus amigos e familiares com serenatas, mas, na verdade, era ela quem nos ensinava algo precioso: o amor só cresce quando compartilhado.

Paula viveu como um maestro de emoções, usando a música como batuta para conduzir as pessoas a momentos inesquecíveis. Sua jornada nos lembra que, enquanto houver uma canção no coração e um gesto de carinho, o amor nunca deixará de ser celebrado. Paula cantou conosco muitos refrões inesquecíveis que ecoam até hoje em nossas memórias. Obrigado Paula por tudo