Estudar língua portuguesa é tarefa rotineira aos estudantes. Mesmo assim, é explícita a dificuldade de muitos na aplicação de regras simples. Um caso em especial aconteceu em uma das aulas que dei a um aluno do ensino médio. Em tempos atuais, tenho lecionado aulas on-line! É extremamente prático, e os resultados são excelentes.
Ao iniciar minha aula acerca do sujeito, indaguei ao meu querido aluno Marquinhos como ele encontrava o sujeito de uma oração. Forneci-lhe o período “A mesa quebrou anteontem.” Prontamente ele me disse que bastaria perguntar “quem quebrou a mesa?”. Respondi-lhe que não era uma adequada ação, por duas razões. A primeira era que nem sempre o termo que exerce função de sujeito é uma pessoa; a segunda pelo fato de nem sempre o sujeito agir. Explicitamente o jovem estudante ficou sem palavras, afinal havia “decorado” várias regrinhas que eu destruía facilmente. “Como assim, professora?”, disse o estudante.
Tenho a certeza de que a dúvida dele é a de muitos. Para isso, dei-lhe explicações que devem ser usadas por todos. Que tal começarmos a perceber que, em uma oração, precisamos encontrar o verbo para iniciarmos a análise sintática? Feito isso, devemos usar a regra geral da concordância verbal, que declara ser crucial (com algumas exceções) que o verbo concorde (combine) com o sujeito em número e em pessoa, independentemente de ser o termo que funciona como sujeito uma pessoa ou coisa. Esse é o mistério! Exemplo disso temos no período “No ano anterior, receberam aumento salarial alguns funcionários daquele setor.” em que o verbo “receberam” que se encontra na terceira pessoa do plural sinaliza ser sujeito “alguns funcionários daquele setor” que tem como núcleo o termo “funcionários”. Isso é concordância verbal na prática! Ou seja, verbo no plural exige sujeito no plural. Outro exemplo é este: “Alugam-se salas neste prédio”. Aqui muita gente fica paralisada pela presença do “se”. Para acabar com isso, ignore o termo “se” e faça a análise do verbo, de forma que veja em que número ele se encontra. Como “alugam” está no plural, o sujeito só poderá estar no plural. Há um detalhe que faz toda a diferença: para funcionar como sujeito, o termo precisa ser substantivo ou termo substantivado, ou pronome substantivo ou numeral substantivo. Ademais, antes desses termos, não poderá haver uma preposição. Logo o sujeito é “salas”. Em “Aluga-se sala.”, “sala” permaneceria sujeito por concordar com “aluga”.
– Professora, e o “se”?, perguntou Marquinhos.
– Pronome apassivador, servindo para dizer que o sujeito não agiu.
Já em “Precisa-se de sala.”, o fato de “sala” estar anteposto da preposição “de” impede de definirmos o sujeito, classificado como indeterminado. Com isso, “se” é pronome de indeterminação do sujeito.
Espero ter ajudado a todos, porque Marquinhos foi aprovado com louvor!