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Nosso Planeta: Os impactos da poluição do ar na saúde cerebral: um alerta global

A poluição do ar, há muito associada a problemas respiratórios e cardiovasculares, está agora no centro das atenções como um dos principais fatores de risco para danos neurológicos. Estudos recentes revelam que a exposição prolongada a partículas poluentes pode desencadear uma série de condições cerebrais, como demência, depressão, ansiedade e até mesmo transtornos do desenvolvimento, como o autismo.

Artigo publicado recentemente na revista Nature aponta que crianças que crescem em áreas com altos níveis de poluição enfrentam maior risco de lesões na substância branca do cérebro, responsável por conectar regiões cerebrais críticas, resultando em dificuldades cognitivas. Nos idosos, a exposição contínua à poluição está ligada ao declínio cognitivo acelerado e ao aumento da prevalência de demência. Esses efeitos são especialmente preocupantes em áreas urbanas altamente poluídas, como a Cidade do México e Delhi, mas mesmo níveis mais baixos, considerados “seguros”, demonstram impactos nocivos.

Os cientistas identificaram as partículas ultrafinas como os agentes mais perigosos. Com menos de 100 nanômetros de diâmetro, essas partículas altamente reativas conseguem penetrar profundamente no corpo, alcançando o cérebro e desencadeando inflamações. Alterações estruturais, como a redução do volume do hipocampo, e depósitos de proteínas relacionadas ao Alzheimer foram observados em estudos com humanos e animais.

A inflamação surge como a resposta central do organismo a esses danos. Marcadores de estresse oxidativo e ativação de células de defesa cerebral indicam que todos os principais tipos celulares do cérebro são afetados. No entanto, as pesquisas enfrentam desafios ao tentar isolar os impactos específicos dos diferentes tipos de poluentes, devido à complexidade das condições socioeconômicas e exposições variadas.

Relatórios de entidades globais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), reforçam a urgência de aprofundar os estudos sobre os efeitos neurológicos da poluição. Com cerca de 99% da população mundial exposta a níveis de poluição acima do recomendado, a situação exige uma resposta rápida. Melhorias na qualidade do ar já demonstraram reduzir os índices de declínio cognitivo e demência em populações idosas, mostrando que as ações preventivas podem fazer a diferença.

Este cenário ressalta a necessidade de regulamentações mais rigorosas e de políticas públicas voltadas para a redução da poluição do ar. Além disso, a conscientização sobre os efeitos invisíveis, mas devastadores, da poluição sobre o cérebro humano é essencial para proteger as gerações futuras e garantir um futuro mais saudável e sustentável para todos.

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