A doença Alzheimer é um estado neurodegenerativo contínuo e por enquanto sem cura, que afeta evolutivamente as funções cognitivas, incluindo a memória, a linguagem e a capacidade de raciocínio. O Alzheimer pode ter um efeito significativo na capacidade de um indivíduo realizar tarefas do cotidiano e principalmente nos cuidados com a saúde bucal. Pacientes com Alzheimer tem o desafio crescente com a dificuldade para manter uma rotina de higiene oral adequada à medida que a doença avança, pois com a perda de memória, confusão mental e a diminuição da capacidade de execução de tarefas motoras, dificulta a rotina de escovação, que pode aumentar o risco de problemas dentários e de saúde bucal.
A dificuldade que surge pelos pacientes com Alzheimer é o esquecimento de escovar os dentes, em lembrar como de usar corretamente o fio dental e enxaguante bucal, esses descuidos na higiene oral podem resultar no acúmulo de placa bacteriana, cáries, doenças gengivais e até mesmo infecções graves na boca. A relação entre saúde bucal e Alzheimer não é uma via de mão única, as pesquisas sugerem que a saúde bucal precária pode estar associada a um maior risco de desenvolvimento ou progressão da doença de Alzheimer, o estudo aponta que bactérias orais nocivas podem se espalhar para o cérebro através da corrente sanguínea ou do sistema linfático, provocando uma resposta inflamatória que colabora para o desenvolvimento da doença. Sendo assim, é primordial que os cuidadores, acompanhantes diários de pacientes com Alzheimer e profissionais de saúde estejam cientes desses desafios e trabalhem juntos para desenvolver estratégias eficazes para manter a saúde bucal desses pacientes, com o uso de técnicas adaptativas em conjunto com o dentista.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 35,6 milhões de pessoas com a doença de Alzheimer no mundo, tendem a dobrar até 2030, no Brasil, de quase 30 milhões de pessoas acima de 60 anos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cerca de 40 a 60% delas, são do tipo Alzheimer. Outra possível ligação entre saúde bucal e Alzheimer está relacionada aos fatores de risco, como por exemplo, o diabetes mellitus, a hipertensão arterial e o tabagismo são fatores de risco tanto para doenças periodontais quanto para o Alzheimer.
Ainda precisamos de mais pesquisas, para entender a relação entre saúde bucal e Alzheimer, é indiscutível que cuidar da saúde oral pode desempenhar um papel importante na prevenção e condução dessa doença neurodegenerativa. Proporcionar uma boa higiene bucal, realizar consultas odontológicas regulares e tratar qualquer problema oral, são medidas importantes, não apenas para a saúde dos dentes e das gengivas, mas também para a saúde geral do corpo e, principalmente, para a saúde do cérebro. Portanto, a presença do profissional de odontologia, participando do tratamento desses pacientes com Alzheimer ou qualquer outra demência, seja para atendimento em consultórios, hospitais ou em domicílio, é indispensável.
