Jornal DR1

Ars Gratia Artis: Minha experiência com a série “Minhas Aventuras com Superman”

Edgar Paiva

Recentemente resolvi assistir a série de animação “Minhas Aventuras com Superman”. Logo de cara somos apresentados ao pequeno Clark Kent que vivia numa fazenda no interior do Kansas, quando ele começa a se sentir estranho, diferente dos outros. Ele pergunta aos seus pais o que está acontecendo com ele, mas a única coisa que eles sabem é que ele veio de algum outro lugar, no que parecia ser uma nave. Isso me lembrou de que desde pequeno eu me sentia assim também, como se todos me olhassem estranho, como se fosse de outro planeta. Era como se todo mundo estivesse onde deveria estar. Eu nunca me sentia pertencente a algo e sempre era o último a ser consultado ou escolhido. Eu não sabia explicar esse sentimento aos meus pais. E eles também não sabiam me dizer por que eu era assim.

Muitas outras coisas acontecem na série, Clark cresce e decide voltar ao Kansas para descobrir mais respostas na sua nave, Clark não descobre muito sobre quem ele é, mas descobre que aparentemente veio de outro planeta e isso explica suas capacidades. E assim como o Clark, eu só descobri o porquê de ser quem eu sou depois dos 20 anos, e isso foi uma grande revelação para mim e para os meus pais. O diagnóstico de Autismo, – ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) na linguagem mais correta – me deu muitas respostas, mas ao mesmo tempo me deixou muitas perguntas. Acho que Clark sentiu o mesmo.

Mas um dia, um de seus super poderes aflora; a super audição. É como se ele pudesse ouvir cada pessoa, carro ou animal falando ao mesmo tempo. Em consequência disso, ele começa a ficar noites sem dormir, o que prejudica suas ações. Seus salvamentos antes impecáveis agora começam a apresentar deslizes. A partir disso, as pessoas começam a dizer para ele desaparecer e que o lugar dele não era ali. Mesmo que ele dissesse: “Eu só queria ajudar”. Nesse momento, eu me senti novamente como ele: noites mal dormidas por escutar tudo em todo lugar, momentos de crise difíceis de lidar, a reprovação das pessoas que por vezes deixavam a entender que meu lugar não era com elas. E por muitas vezes escutar isso com todas as letras.

Muitos eventos ainda acontecem. No fim das contas eu achei “Minhas Aventuras com Superman” uma animação excelente e sem dúvidas me fez mudar minhas opiniões sobre o Homem de Aço. Além disso, quem diria que uma série sobre um alienígena super poderoso me faria ter uma identificação que não tive em muito tempo.

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