Mais do que simples companhia, animais oferecem segurança emocional, dizem especialistas
Nos últimos anos, um novo termo ganhou força entre psicólogos, médicos e pacientes: cão de suporte emocional. Mais do que um animal de estimação, esses cães têm papel fundamental na saúde mental de muitas pessoas, oferecendo acolhimento, conforto e segurança emocional em momentos de crise.
Mas o que exatamente é um cão de suporte emocional? Diferente dos cães-guia para cegos ou dos cães de serviço para pessoas com deficiência física, o cão de suporte emocional não precisa passar por um treinamento específico para realizar tarefas técnicas. Seu “trabalho” é essencialmente emocional: estar presente e ajudar seu tutor a lidar com sintomas de ansiedade, depressão, fobias, estresse pós-traumático e outras condições psicológicas.
“Os cães têm a capacidade natural de perceber emoções humanas. Eles sentem a mudança no tom de voz, no ritmo cardíaco, no cheiro do suor. Essa sensibilidade os torna aliados poderosos para quem sofre de transtornos emocionais”, explica a psicóloga e especialista em comportamento animal Mariana Lima. Segundo ela, o vínculo afetivo entre humano e animal cria um ambiente seguro e acolhedor, ajudando a reduzir a sensação de solidão e a regular as emoções em situações desafiadoras.
Os benefícios já foram comprovados por estudos científicos. Pesquisas mostram que interagir com um cão pode reduzir os níveis de cortisol — hormônio do estresse — e aumentar a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores relacionados à sensação de bem-estar. Pessoas com cães de suporte emocional relatam menos crises de pânico, menos sintomas depressivos e maior disposição para enfrentar o dia a dia.
Outro aspecto importante é a socialização. Muitos tutores relatam que passear com o cão ajuda a sair de casa, interagir com outras pessoas e recuperar a confiança em si mesmos. Em casos de estresse pós-traumático, por exemplo, o cão pode oferecer um “porto seguro” em ambientes públicos, diminuindo a sensação de ameaça.
Para que um cão seja reconhecido como animal de suporte emocional, o tutor precisa de um laudo ou declaração médica que comprove a necessidade do animal como parte do tratamento. Em alguns países, como os Estados Unidos, isso garante inclusive o direito de levar o cão a lugares onde animais comuns não são permitidos, como aviões e certos prédios. No Brasil, a regulamentação ainda não é tão clara, mas muitos espaços já reconhecem a importância do animal para o bem-estar do tutor.
Vale lembrar que, embora qualquer raça ou tamanho possa desempenhar essa função, o temperamento do cão deve ser dócil