Do sucesso nas telas à luta pela vida, o ator deixou um legado de representatividade, coragem e inspiração
Natural de Belém (PA), Norton Cândia Nascimento nasceu em 4 de janeiro de 1962. Ainda jovem, destacou-se no basquete: jogou profissionalmente por muitos anos e chegou até a dar aulas de educação física — carreira que conciliava com o teatro em São Paulo .
Sua estreia na televisão ocorreu em 1981, na novela Os Imigrantes, da Band. Porém, foi em 1993, na minissérie Agosto — vivendo o violento Chicão — e na novela Fera Ferida (como Wotan), ambas na Rede Globo, que Norton conquistou o grande público e o elogio da crítica. A partir daí, diversos papéis expressivos se sucederam no currículo do ator .
Na TV, ele participou ainda de novelas como A Próxima Vítima (1995), O Fim do Mundo (1996) e A Padroeira (2001), além de minisséries marcantes como Chiquinha Gonzaga e Aquarela do Brasil. Em 2007, migrou para o SBT, integrando o elenco de Maria Esperança, seu último trabalho . No cinema, atuou em títulos como Carlota Joaquina – Princesa do Brasil (1995) e Araguaia – A Conspiração do Silêncio (2004) .
Em dezembro de 2003, foi diagnosticado com aneurisma da aorta, sendo submetido a uma cirurgia para correção. Como complicação, precisou de transplante de coração quatro dias depois — doou-lhe o coração do médico carioca Ricardo Veiga Oliveira. Ao todo, recebeu 73 transfusões entre sangue, plasma e plaquetas e permaneceu hospitalizado por cerca de 52 a 53 dias no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo .
Após a cirurgia, Norton se tornou ativista pela doação de órgãos. Participou de campanhas como “Doar é amar”, em rede nacional, destacou-se nas mídias e integrou ações governamentais. Convertido à Igreja Renascer em Cristo com sua segunda esposa, a atriz Kelly Cândia, passou a atuar na liderança do ministério de teatro da instituição e dedicou-se a trabalhos sociais e espirituais .
Porém, em 21 de dezembro de 2007, com 45 anos, veio a falecer. Estava em UTI devido a uma infecção pulmonar, que agravou o quadro pós-transplante. A causa oficial foi a falência cardíaca secundária . Deixou a esposa, três filhos do primeiro casamento e um legado de representatividade para atores negros na TV brasileira, além de um forte engajamento social.
No velório em São Paulo, dezenas de colegas e fãs prestaram homenagem ao artista, que será lembrado tanto pela intensa presença em frente às câmeras quanto pela generosidade e luta por causas essenciais. Com uma vida repleta de talento, superações e propósito, Norton Nascimento permanece vivo na memória da cultura nacional — um símbolo de transformação e inspiração para as próximas gerações.
Ótimo! Vou complementar com depoimentos marcantes e análise dos papéis icônicos para enriquecer o texto jornalístico.
Depoimentos de colegas e amigos
Após sua morte, diversos atores expressaram como Norton marcou a TV brasileira. Aguinaldo Silva, autor de A Próxima Vítima, declarou:
“Norton tinha carisma e uma postura única. Foi um dos primeiros atores negros a ganhar papéis de destaque sem estereótipos.”
A atriz Cláudia Raia afirmou em entrevista à imprensa:
“Ele tinha uma energia rara no set. Um homem gentil, espirituoso e extremamente profissional.”
Papéis que fizeram história
Chicão, em Agosto (1993): considerado um divisor de águas em sua carreira, o personagem de temperamento explosivo lhe deu notoriedade nacional.
Sidney, em A Próxima Vítima (1995): um papel central, onde representou um empresário negro de sucesso, quebrando paradigmas sobre a representatividade na dramaturgia.
Osvaldão, no filme Araguaia – A Conspiração do Silêncio (2004): interpretou um guerrilheiro icônico, papel que exigiu intensa preparação e destacou sua versatilidade artística.





