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Uma história de superação, fé e reconstrução

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Por Viviane Henriques

Sou Viviane Henriques, do Rio de Janeiro.

Há 11 anos, fui diagnosticada com um câncer maligno. Os médicos foram claros: minhas chances de sobrevivência eram mínimas. Em menos de um mês, passei por uma cirurgia. Depois disso, perdi 100% da memória. Foram cerca de quatro meses sem reconhecer ninguém.

Quando minha memória voltou, eu estava na casa da minha mãe, careca por causa da quimioterapia que havia iniciado enquanto eu ainda estava inconsciente. Quando me olhei no espelho, me assustei com a minha aparência. Mas naquele momento, fiz apenas uma oração: “Deus, me dá forças, pelas minhas filhas.” Elas tinham apenas 7 e 9 anos.

Achei que o pior tinha passado… mas eu não imaginava o que ainda estava por vir.

O pai das minhas filhas passou a me tratar com frieza, indiferença e ignorância. Achei que fosse por causa da doença, que ele não sabia lidar com tudo aquilo. Mas a verdade era muito mais cruel: ele estava me traindo — justamente com a jovem que me levava para as sessões de quimioterapia.

Mesmo debilitada física e emocionalmente, descobri tudo. Fui traída, agredida verbalmente e fisicamente, humilhada. Ele dizia palavras que feriam a alma, fazia a cabeça das nossas filhas contra mim. Eu me sentia um lixo. Mas eu orei. Pedi sabedoria a Deus — e Ele me deu.

⚖️ A denúncia e a virada

Denunciei na DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Fui acolhida pelo CIAM, onde tive apoio psicológico, jurídico e social.

Quando ele saiu de casa, troquei todas as fechaduras para garantir nossa segurança. Dois anos depois, precisei sair da casa — era herança da mãe dele, já falecida.

Entrei com ação de pensão alimentícia, pois ele não ajudava em nada. Quando soube, pediu demissão da empresa onde trabalhava para não cumprir com o dever de pai.

Houve um momento em que só havia meio quilo de arroz no armário. Liguei pedindo ajuda e ouvi:
“Se vira nos 30.”

Nossos cafés da manhã, aos domingos, só eram possíveis porque íamos cedo para a Escola Bíblica Dominical na igreja.

Vendi sacolés, canetas personalizadas… tudo para sobreviver, pois minha saúde impedia um trabalho fixo. E ainda descobri que ele recebia o meu auxílio-doença, usava meus cartões bancários e até meu registro no INCA. Precisei voltar à delegacia para recuperar meus direitos.

🕊️ Violência, prisão e libertação

Soube depois que, durante minha recuperação, ele me deixava trancada em um quarto, com apenas um balde de pedreiro como banheiro. Sem água, sem comida, sem medicamentos. Um cenário de cativeiro.
Mas Deus me deu vida, onde era para eu ter morrido.

Mesmo após sair de casa, ele me perseguia. Pulava o muro do vizinho para entrar, forçava nossas filhas a me convencer a abrir a porta. Eu não cedia. Ligava para o 190. Quando a polícia chegava, ele fugia.

Depois de descumprir uma medida protetiva, o juiz expediu mandado de prisão — e ele foi preso. Ao sair da cadeia, jurou me tirar da casa. Senti-me ameaçada e, sem condições de pagar aluguel, voltei com minhas filhas para a casa da minha mãe.

Ele ainda entrou com ação de guarda das crianças, mas a Justiça foi feita: a guarda é minha.

🌟 Recomeço com propósito

Hoje, sou Facilitadora do Tribunal de Justiça do RJ, idealizadora do projeto Mãos que Abençoam com Amor, e mãe de duas meninas estudiosas e abençoadas.

Em 2023, tranquei minha faculdade de Direito — meu sonho é ser Promotora de Justiça — para investir na carreira profissional das minhas filhas. Mas sei que em breve, voltarei.

💜 Mãos que Abençoam com Amor

Em 2020, iniciei esse projeto com oficinas de estética para mulheres vítimas de violência doméstica. Com o tempo, percebemos a necessidade de informação e acolhimento. Assim nasceram:
• Rodas de conversa
• Encaminhamentos para CEAM e CIAM

Distribuição do “Caderno das Emoções” – uma ferramenta de escrita terapêutica criada a partir da minha experiência. Durante os piores momentos, eu desabafava escrevendo. Hoje, faço cadernos lindos, com ajuda de duas mulheres incríveis, e entrego a outras mulheres como presente de cura.

Também criamos atividades para os filhos das vítimas:
• Oficinas de alfabetização
• Passeios e rodas de conversa infantis
• Foco na saúde mental, fortalecimento familiar e orientação profissional

Não temos patrocínio — mas não desistimos.

✨ Para você, mulher

Não se exponha ao ridículo por homem algum.
Viva sua dor, mas não permaneça nela.
Chore, mas reaja.
Caia, mas levante.
Ame-se. Proteja-se. Denuncie. Recomece.

Eu sou prova de que Deus restaura o que tentaram destruir.
E você também vai vencer.

Instagram:
📌 @henriques_vida
📌 @maosqueabencoam.comamor

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