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Leishmaniose, doença silenciosa que ameaça cães e preocupa tutores no Brasil

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Sem cura parasitológica, enfermidade reforça a importância da prevenção e da informação

A leishmaniose, uma doença silenciosa e fatal, está entre as que mais preocupam tutores de animais de estimação no Brasil. Transmitida pela picada do mosquito-palha, pode se desenvolver durante anos sem apresentar sintomas claros, tornando a informação e a prevenção as principais armas contra a enfermidade. A gravidade do tema motiva campanhas anuais de conscientização, como o “Agosto Verde”, que alertam a população sobre os riscos da doença.

Causada pelo protozoário Leishmania infantum, a doença se espalha quando o inseto pica um cão infectado e, posteriormente, se alimenta de outro cão ou ser humano. “Os cães são considerados os principais reservatórios da doença em ambientes urbanos”, explica a médica-veterinária Kathia Almeida Soares, da MSD Saúde Animal.

O grande desafio no combate à leishmaniose é o fato de que ela pode permanecer assintomática por longos períodos. Segundo Carla Souza Rodrigues, médica-veterinária e consultora da Petz, “nem todo cão infectado apresenta sinais clínicos”. Assim, o animal pode portar o parasita por meses ou anos sem qualquer manifestação, o que dificulta o diagnóstico precoce.

Quando os sintomas aparecem, costumam ser variados e graves: febre, emagrecimento, aumento dos linfonodos, alterações oculares, crescimento anormal das unhas e, em cerca de 90% dos casos, lesões de pele.

Embora seja muito mais comum em cães, os gatos também podem ser infectados. O primeiro registro da doença em felinos data de 1912. Apesar de considerados mais resistentes, os bichanos podem apresentar lesões cutâneas — principalmente na cabeça e nas patas —, além de perda de peso e problemas oculares. No entanto, a função do gato como reservatório ainda não está bem estabelecida.

Prevenção: a estratégia mais eficaz

As especialistas são unânimes: prevenir é o caminho mais seguro. Entre as principais medidas estão:

  • Uso de repelentes: coleiras e sprays à base de piretroides sintéticos, que afastam e eliminam o mosquito;
  • Controle ambiental: manter quintais limpos e lixo bem acondicionado para evitar criadouros;
  • Telas de proteção: instaladas em portas, janelas e canis, reduzem a entrada do vetor;
  • Redução de exposição: evitar passeios ao entardecer e à noite, horários de maior atividade do mosquito.

Atualmente, não há vacina disponível no Brasil. Um produto chegou a ser comercializado, mas foi suspenso.

Tratamento: cuidados para toda a vida

Um cão diagnosticado pode ser tratado, mas não curado. “Uma vez infectado, o animal estará sempre infectado”, explica Kathia. O tratamento busca controlar os sintomas, reduzir a carga parasitária e melhorar a qualidade de vida, mas o risco de recaídas permanece. Por isso, o uso contínuo de repelentes, acompanhamento veterinário e exames periódicos são indispensáveis.

A leishmaniose é endêmica em todo o Brasil, com maior incidência no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, mas vem avançando para grandes centros urbanos do Sudeste. Nesse cenário, informação e conscientização tornam-se ferramentas fundamentais. “Quanto mais falarmos sobre o tema, mais vidas caninas e humanas serão salvas. Esse é o nosso papel como médicos-veterinários e como cidadãos”, reforça Kathia.

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