Censo 2022 mostra que o tempo médio de deslocamento se manteve estável em relação a 2010, mas revela diferenças entre homens e mulheres O deslocamento até o trabalho continua sendo um dos principais marcadores da vida cotidiana do brasileiro. Segundo o Censo 2022, divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 67% dos trabalhadores levam até 30 minutos para chegar ao emprego. O número mostra uma leve alta em relação a 2010, quando o índice era de 65%.Apesar da aparente estabilidade, o dado revela nuances importantes sobre mobilidade, desigualdade e infraestrutura nas cidades brasileiras. Enquanto a maioria ainda consegue cumprir trajetos relativamente curtos, milhões de pessoas enfrentam longas distâncias e congestionamentos diários para chegar ao local de trabalho.Um em cada dez enfrenta mais de uma hora de viagemOs dados mostram que 14,5 milhões de brasileiros (20%) levam de 30 minutos a 1 hora para chegar ao trabalho, e outros 7,4 milhões (10%) gastam de 1 a 2 horas nesse deslocamento. Em 2010, essas proporções eram de 23% e 9%, respectivamente.Há ainda um grupo de 1,3 milhão de trabalhadores (1%) que passa mais de duas horas no trajeto diariamente — o mesmo percentual registrado no último levantamento. Essa minoria, porém, representa a face mais dura dos problemas de transporte público e da concentração de empregos nas áreas centrais das grandes cidades.Diferenças entre homens e mulheresO IBGE também observou distinções no tempo de deslocamento entre os gêneros. Homens e mulheres têm maior concentração no grupo que leva entre 15 e 30 minutos para chegar ao trabalho — 18% e 12%, respectivamente.Essas diferenças podem estar ligadas à localização dos empregos, à divisão das responsabilidades domésticas e à escolha de modais de transporte. Em muitos casos, as mulheres preferem trabalhar mais perto de casa para equilibrar as demandas da família e da jornada profissional, reduzindo, assim, o tempo de trajeto.Mobilidade urbana ainda é um desafioEmbora o Censo aponte estabilidade nos tempos médios, especialistas destacam que o dado esconde desigualdades regionais profundas. Em grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro, o deslocamento costuma ser mais longo, enquanto em cidades menores o trajeto é mais rápido.O IBGE ressalta que o cálculo considera apenas o tempo gasto entre o domicílio e o local de trabalho principal, sem incluir paradas intermediárias, como deixar filhos na escola ou fazer compras. Também entram na estatística apenas pessoas que se deslocam ao menos três vezes por semana até o trabalho.Retrato de um país em movimentoOs números do Censo reforçam que, mesmo com a expansão do home office e de novas formas de trabalho pós-pandemia, a realidade da maioria dos brasileiros ainda envolve o deslocamento diário.Para milhões, chegar ao trabalho continua sendo uma corrida contra o relógio — um percurso que, embora breve para alguns, é longo e cansativo para outros, refletindo as desigualdades urbanas e os desafios de mobilidade que o país ainda precisa enfrentar.(Fonte: IBGE – Censo 2022)