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Ética e Cidadania: A desinformação na era da informação

Foto: Agência Brasil

Não é curioso que, em pleno século XXI, com tecnologias de ponta como a computação e a inteligência artificial quântica, capazes de processar e resolver informações complexas de maneira rápida e eficiente, estejamos mais propensos do que nunca à desinformação? Sob o ponto de vista estritamente científico, dada a natureza factual e objetiva da ciência, isso não faz nenhum sentido. Porém, sob o prisma político, é possível compreender como determinados vieses ideológicos e juízos de valor podem direcionar informações e resultados. A ética e a política, que deveriam caminhar juntas o tempo todo, não são ciências exatas; elas dependem da boa consciência e da conduta dos homens para regular quase tudo na vida, inclusive a ciência e a tecnologia.

Na era da informação, os algoritmos — sequências lógicas de ações programadas para viabilizar tomadas de decisões automatizadas em determinados sistemas — estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia. No entanto, até que ponto eles devem ditar nossas decisões? Se desejamos comprar um carro, levando em conta custo e benefício, certamente teremos uma comparação objetiva de dados. Mas, se precisamos decidir sobre o futuro de funcionários em uma empresa, talvez tenhamos que enfrentar as consequências de uma decisão fria e desumanizada. Na política, não é diferente. Como cidadãos engajados em uma democracia, não devemos terceirizar nossas escolhas e decisões para algoritmos fornecidos pela mídia, pois não podemos prever o poder sutil que os habita. Segui-los passivamente seria renunciar ao livre-arbítrio e delegar nossa responsabilidade a um conjunto de sequências lógicas complexas, cujo objetivo é alimentar o próprio sistema, sem que possamos prever seus resultados ou impactos na sociedade. Ter essa consciência já nos impõe uma grande responsabilidade, que não podemos mais ignorar.

A partir dessas considerações, cabe-nos refletir, entre muitas outras questões suscitadas, sobre as fronteiras entre decisões autônomas, automatizadas e humanas. A autonomia da vontade não é apenas um privilégio; é a base da moralidade e da liberdade humana de agir seguindo a própria razão. Como Alice no País das Maravilhas, que, ao seguir o coelho branco, cai na toca e de lá emerge muito mais enriquecida, não devemos temer a aventura de questionar e descobrir a lógica por trás da lógica.

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