Quem nunca ficou maravilhado com o Sítio do Pica Pau Amarelo certamente não sabe o que é ter uma infância recheada de personagens memoráveis! Eu particularmente sou aquela menina que não perdia um episódio do Sítio e que era fascinada pela Emília, uma boneca de pano mais tagarela e que inventava mil histórias. Havia uma música especialmente feita para ela e interpretada por Baby do Brasil. Os moradores do Sítio do Pica Pau Amarelo viviam, na verdade, na fazenda Buquira, que pertenceu ao avô de Monteiro Lobato, e que fica em Taubaté. Lá estive, em 2023, e chorei por ter o privilégio de rever personagens que povoaram minha infância.
De tudo que guardo, relevo têm as passagens do livro “Emília no país da Gramática”, publicado em 1934, e que me fizeram ser uma professora de língua portuguesa que defende as variedades linguísticas e que sabe que a língua é viva, que está em constante mudança e que precisa se adaptar ao contexto.
O qua dizer da abordagem de Emília, que criticava as imposições gramaticais, nomeando-as de ‘grilos’ da língua? Toda essa interação com a língua portuguesa ocorreu em uma viagem fantástica, em que os personagens Emília, Pedrinho e dona Benta fizeram pelo país da Gramática, onde as dez classes gramaticais eram personagens que interagiam com as crianças e que apresentavam a elas suas funções de forma lúdica e concreta. Sem perceber, eu faço isso em minhas aulas. Não é fabuloso estudar de forma divertida e ainda poder resgatar as peripécias infantis? Sinto-me orgulhosa de resgatar o que Monteiro Lobato criou para o público infantil no século passado!
E para minha surpresa, fui ouvinte, no dia 22 de outubro, em uma palestra ímpar ministrada pela Dra. Ana Campelo, CEO deste jornal, que fez um texto impecável acerca de Monteiro Lobato no auditório José de Alencar, na ABL. Todos os presentes ficaram emocionados com a forma com que a palestrante Ana Campelo apresentou o escritor, demonstrando que é uma leitora voraz, desde a infância, época em que seu pai usou um artifício para que a menina Ana mergulhasse no fascinante mundo da literatura, tendo Monteiro Lobato como uma referência.
Ao término de sua fala, a presidente da Associação dos Diplomados da Academia Brasileira de Letras, Zélia Fernandes, abriu a palavra para que todos, momento em que fiz o seguinte poema:
Ao gênio que nos deu o Sítio do Pica Pau Amarelo, Monteiro Lobato, farol que o tempo não apaga,
Que plantou a semente do livro em nosso solo e que fez da fantasia a mais rica saga.
Emília atrevida, Visconde doutor,
Dona Benta sábia, Tia Nastácia, amor!
Em cada página sua, um novo horizonte,
A infância brasileira bebeu dessa fonte.
E hoje uma voz se levanta, com a força que precisa. É a Doutora Ana Cristina Campelo, que o gênio Lobato nos apresenta em alto zelo.
Com maestria, desvenda o que é essencial em Lobato:
a história, a crítica, o teor intelectual.
Em Ana Campelo, a sabedoria encontra a sua forma.
Apresentando as várias faces de Lobato, a homenagem se sela,
Sua palestra, Doutora, é a prova dela:
A diferença que se faz força, luz e saber,
E que nos inspira a sempre querer ler.
O jornal Dr1 é prova disso!
A você, Ana, o louvor por tão brilhante exposição,
Que a obra de Lobato siga em nosso coração.





