Polícia Civil do Espírito Santo investiga os irmãos traficantes do Espírito Santo, Bruno Gomes Faria, conhecido como Nono, e Luan Gomes Faria, acusados de adotar no estado capixaba táticas aprendidas com facções criminosas do Rio de Janeiro. A dupla teria usado o conhecimento adquirido para extorquir empresas de internet, distribuidoras de bebidas e revendas de gás em diferentes cidades.
Segundo as investigações, os irmãos, também conhecidos como Irmãos Vera, já foram condenados a 69 anos de prisão pela morte de uma adolescente, além de uma tripla tentativa de homicídio e corrupção de menores. O esquema de extorsão teria começado após Luan se mudar para o Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, em 2021, para se proteger de um conflito com o PCV, facção rival que atua no Espírito Santo.
Enquanto estava no Rio, Luan manteve o comando de seus negócios ilícitos no estado natal, enviando armas para reforçar aliados e garantindo o fluxo de dinheiro vindo das cobranças ilegais. Bruno se juntou ao irmão meses depois, intensificando o vínculo com traficantes cariocas e expandindo a influência do grupo.
No ano seguinte, uma denúncia anônima encaminhada ao governo capixaba revelou que, todos os dias 20 de cada mês, emissários enviados pelos irmãos cobravam taxas de empresas de internet, inicialmente no valor de R$ 3 mil. O documento indica que, após resistência de algumas vítimas, o valor subiu para R$ 10 mil — e quem se negava a pagar tinha cabos cortados ou sofria ameaças diretas por videochamada.
Em 2023, Luan foi preso no Espírito Santo, mas Bruno continua foragido e, segundo a polícia, ainda comanda as ações criminosas à distância, operando a partir do Complexo da Maré. Uma operação recente que visava capturá-lo terminou sem sucesso, mas apreendeu drogas e sete fuzis. De acordo com a inteligência da Polícia Civil capixaba, a perda do material bélico gerou uma dívida de aproximadamente R$ 1 milhão de Bruno com outros traficantes.
As autoridades acreditam que o modelo de extorsão praticado pelos irmãos reflete uma “transferência de métodos” do crime organizado do Rio para o Espírito Santo, fenômeno que tem se tornado mais comum nos últimos anos. A Polícia Civil segue monitorando as ligações entre facções cariocas e capixabas para conter o avanço da violência e do domínio territorial no estado.





