Diagnosticada tardiamente com câncer no colo do útero, jovem gaúcha viveu dor e abandono dentro do sistema prisional

Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, morreu 74 dias após ser absolvida por um júri no Rio Grande do Sul. A jovem passou seis anos presa preventivamente por um crime do qual foi declarada inocente, mas o tempo atrás das grades deixou marcas profundas — físicas e emocionais.

Durante o período em que esteve encarcerada, Damaris enfrentou dores intensas que só mais tarde seriam identificadas como sintomas de um câncer no colo do útero, diagnosticado já em estágio avançado. A negligência com sua saúde, segundo a família, foi determinante para o agravamento da doença.

Em entrevista à jornalista Gabriela Plentz, da Rádio Gaúcha, a mãe da jovem, Claudete Kremer Sott, de 51 anos, relembrou os últimos meses da filha e o sofrimento vivido no sistema prisional.

“Ela se mordia de dor”, contou Claudete, emocionada.

A mãe relatou ainda que, mesmo relatando repetidamente as dores e pedindo atendimento médico, Damaris teria sido ignorada por agentes e profissionais do sistema carcerário. Quando finalmente foi levada a um hospital, o diagnóstico revelou o câncer já em estágio terminal.

A história de Damaris evidencia uma dura realidade: a das mulheres encarceradas sem condenação, que enfrentam condições precárias de saúde e higiene, sem o devido acesso a exames e tratamentos. Sua morte, após ter provada sua inocência, levanta questões sobre a responsabilidade do Estado diante da falha em garantir dignidade e cuidado a pessoas sob sua custódia.

Agora, familiares e organizações de direitos humanos cobram justiça e responsabilização. Para eles, Damaris é mais uma vítima de um sistema que pune antes de julgar — e que continua a falhar em proteger as vidas sob sua tutela.