Engajamento nos posts mostra a busca dos usuários por este tipo de conteúdo, inclusive quando o assunto é compra

Há pelo menos cinco anos o marketing de influência deixou de ser restrito aos seres humanos. Os pets estão com tudo nas redes sociais. Da fofura aos hábitos de saúde, lazer e higiene, eles rendem altas doses de serotonina aos seguidores — e cifras atraentes às marcas e, claro, aos tutores.

Pets influenciadores conquistam milhões de seguidores com carisma, ajudando empresas a se conectarem com tutores de forma afetiva. Foto: stock.adobe.com

No auge da pandemia, os vídeos que mostram pets em situações engraçadas, afetuosas e até de cuidado com seus tutores funcionaram como uma válvula de escape para os usuários das redes sociais. Entre 2019 e 2020, por exemplo, o Brasil ficou em 2º lugar no ranking dos países que mais buscaram perfis de animais de estimação no Instagram. O dado, divulgado pela Decode — empresa de pesquisa em big data e inteligência de mercado — indica que, até outubro de 2020, o YouTube ultrapassou a marca de 150 milhões de visualizações em cerca de 1.200 vídeos de pets considerados fofos ou engraçados.

O aposentado Archimedes Junior conta que, durante o confinamento, os vídeos de cães e gatos foram capazes de aliviar a angústia e a ansiedade causadas pela quebra da rotina. “Sou uma pessoa sempre em atividade e ficar em casa o dia todo, embora na agradável companhia de minha esposa e dos meus dois cães, me gerou a sensação de estar preso. Foi justamente na pandemia que comecei a assistir vídeos de interação entre cães e gatos. O jeito como brincam e se respeitam, as atividades e até recomendações de alguns perfis sobre qualidade de vida em tempos de restrição a passeios me levaram a criar o hábito de buscar esse tipo de conteúdo. É saudável e, de certa forma, faz bem para toda uma rede apaixonada por animais”, afirma.

Conexão entre pets e seguidores aumenta engajamento nas redes e movimenta o mercado
No Brasil, atualmente, há perfis de pets influenciadores que ultrapassam 2 milhões de seguidores no Instagram e no TikTok. Os conteúdos criados pelos tutores — e, em muitos casos, por agências especializadas em marketing de influência — mostram, além da fofura e dos momentos lúdicos, como determinados produtos e serviços impactam positivamente na qualidade de vida, na felicidade e na saúde dos bichanos.

Uma análise realizada pelo Buzzmonitor com a IA do ChatGPT mapeou os 500 posts de pets com maior engajamento no Instagram e identificou quatro marcas que mais se destacam pela relevância dos conteúdos, além da movimentação gerada pelas parcerias com influenciadores pet. No topo está uma das principais redes de varejo animal, seguida por uma farmacêutica americana especializada em saúde pet e duas grandes marcas de ração. As menções com maior engajamento envolvem os termos cão (16,3%), cat (12,1%) e gato (11,1%).

Quando o assunto é engajamento, os parâmetros likes e comentários resultam em média de 28,7% de interação dos usuários.

Os dados indicam que, para os tutores e criadores dos perfis, o conteúdo gera interesse contínuo e aumenta as possibilidades de parcerias com marcas que buscam ampliar vendas a partir de valor agregado a seus produtos e serviços.

Antes das parcerias, existe uma história de afeto
A social media Cláudia Krindges Dias, moradora de Novo Hamburgo (RS), é tutora do cão Paçoca, dono do perfil Paçoca Pelo de Arame, que soma mais de 35 mil seguidores. Ela conta que o “Çoca”, apelido carinhoso, foi adotado por ela e pelo marido em 2017 e que, apaixonada por fotografia, passou a registrar o pet. “Quem conhece o Paçoca sabe que ele olha para a câmera, talvez pelo barulho do zoom, e as fotos sempre ficaram muito bonitas e naturais. Comecei a postar na rede sem intenção alguma de alcançar a proporção de hoje. Depois, claro, quando o perfil começou a atrair marcas interessadas em oferecer mimos para o Paçoca, meu olhar também passou a ser profissional”, relata.

Para garantir a segurança do pet e da família — que cresceu em 2024 com a chegada do filho — Cláudia utiliza recursos essenciais para não vulnerabilizá-los, como publicar passeios e atividades fora do tempo real.

Ela acrescenta que um dos desafios é manter a qualidade e a periodicidade dos conteúdos. “A continuidade, a assiduidade, tudo isso é necessário. É uma plataforma que precisa ser ‘alimentada’ e gerida diariamente para garantir a entrega aos seguidores e usuários. Demanda criatividade, tempo, estratégia e conhecimento sobre o público”, explica.

Cláudia reforça que manter o perfil do Paçoca no ar “é um trabalho que exige seriedade e não é tão simples quanto algumas pessoas imaginam. Temos contratos com empresas maravilhosas pelas quais temos grande r