Janaína Pires das Neves
Era uma tarde no sertão, onde o vento soprava o feno e o sol era escaldante. Chicão, nosso protagonista, enfrentava uma seca daquelas. Na sua casa o gado morria de fome. Um por um. Não tinha comida, não tinha água, não tinha nada, só tinha pó.
Chicão pensava:
– Do pó vieste, ao pó voltarás. Que piada de mau gosto.
Ele rezava para ‘Padim Ciço’:
– Meu padrinho, leva esta seca embora. Faz ‘chovê’.
– Sua esposa Isabela, mas conhecida como Bela, falava:
– Marido, não temos o que comer hoje.
– Bela, meu amor, confia no padrinho.
Eles se reuniam todo domingo pedindo o fim da seca.
Um dia Bela acorda e vê sua única vaca mimosa morrer. Ela sai correndo pelo campo e decide acabar com a vida pulando da ponte da cidade. Chicão em casa dormindo acorda de um pesadelo e chama por Bela. Juvenal seu papagaio repete:
– Bela! Bela!
Ele sai desesperado a sua procura e encontra Bela na ponte prestes a se jogar. Então ele grita:
– Bela não faz isso!
– Eu não aguento mais passar necessidade. Mimosa morreu.
Chicão:
– Bela, padrinho vai dar um jeito:
– Cadê seu padrinho agora?
Nisso, Bela sente os pingos de água caírem.
– Milagre! Milagre!
Bela se abraça com Chicão e se beijam e fica um misto de emoção e prazer. Eles vão para o centro da cidade onde está acontecendo uma grande festa e terminam a noite com uma música:
“Mandacaru quando ‘fulora’ lá na seca,
é o sinal que a chuva chega ao sertão.
Toda menina quando enjoa da boneca.
É sinal que o amor já chegou ao coração.”
E viveram felizes para sempre.





