Jornal DR1

Dentista vira ré por morte de paciente após procedimentos estéticos no Rio

Foto: Reprodução

Gracielly da Costa Gandarão responde pela morte de Michelle Barbosa de Souza Rocha, ocorrida em 2024. Investigações apontam práticas irregulares envolvendo a profissional, que nega qualquer irregularidade.

Uma cirurgiã-dentista responde na Justiça do Rio de Janeiro por homicídio de uma paciente após a realização de diversos procedimentos estéticos. Gracielly da Costa Gandarão foi denunciada pelo Ministério Público e se tornou ré por erros médicos que teriam levado à morte de Michelle Barbosa de Souza Rocha, em 2024.

Procurada, Gracielly não respondeu aos questionamentos do g1 até a publicação desta reportagem.

Na quarta-feira, o g1 mostrou que outra cirurgiã-dentista, Cynthia Heckert Brito, também se tornou ré em um processo por lesão corporal gravíssima envolvendo Eloah Carneiro Teixeira. Ela foi aluna e colega de Gracielly em cursos voltados a procedimentos estéticos faciais.

De acordo com a Polícia Civil e o Ministério Público, as investigações apontaram práticas irregulares envolvendo as duas profissionais. Segundo os órgãos, as dentistas teriam realizado procedimentos cirúrgicos complexos, como blefaroplastia (retirada de excesso de pele das pálpebras), platismoplastia e lifting facial, em locais inadequados.

As intervenções causaram complicações graves, como choque séptico, hemorragia e necrose. Em alguns casos, os problemas resultaram em morte ou colocaram as pacientes em risco iminente, situação agravada por falhas no acompanhamento pós-operatório.

Segundo o relatório final da 42ª DP (Recreio), que indiciou Gracielly, a cirurgiã-dentista “mantinha o consultório em funcionamento de forma velada, inexistindo inclusive placa indicativa do exercício da atividade profissional no local”.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu a prisão preventiva e o sequestro de bens no valor de R$ 250 mil de Gracielly, denunciada por homicídio doloso qualificado e exercício irregular da medicina. A Justiça aceitou a denúncia, mas negou o pedido de prisão preventiva.

O processo segue em andamento na 16ª Vara Criminal da capital, onde a acusada responde por homicídio.

Michelle foi submetida a bichectomia (retirada das bolsas de gordura das bochechas), além de lipoaspiração de papada e colocação de fios no pescoço para auxiliar na firmeza da musculatura.

A investigação aponta ainda que Gracielly teria realizado procedimentos de blefaroplastia e ritidoplastia (lifting facial) sem mencioná-los no contrato firmado com a paciente.

De acordo com resolução de 2020 do Conselho Federal de Odontologia, essas cirurgias são proibidas para cirurgiões-dentistas. A acusada nega as irregularidades.

Segundo o laudo de necropsia, a causa da morte de Michelle foi uma infecção na pele decorrente do procedimento estético, que se espalhou pelo corpo. O exame aponta também a formação de coágulos que migraram para os pulmões, bloqueando a circulação sanguínea e levando à morte da paciente.

Gracielly responde ainda a outros três processos por erros médicos.