Da Redação
Líderes de mais de 150 países reunidos em 2015 na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em 2015, assumiram um compromisso a ser cumprido até 2030: adotar formalmente uma nova agenda de desenvolvimento sustentável. A chamada Agenda 2030 é constituída pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que devem ser implementados por todos os países do mundo.
Já falamos a respeito do primeiro dos Objetivos Globais: combater a pobreza em todas as suas formas. Nesta edição, vamos falar um pouquinho no segundo objetivo: acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
De acordo com relatório da ONU, 821,6 milhões de pessoas passaram fome em 2018. Uma média de uma pessoa para cada 10 na população de todo o planeta. Se consideradas as pessoas em condição “moderada” de insegurança alimentar, o total chega a dois bilhões, ou 26,4% da população mundial. Esse indicador, de insegurança alimentar, descrito no documento ‘Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo’, vai além da fome e fornece uma estimativa do número de pessoas sem acesso estável a alimentos nutritivos e suficientes durante todo o ano.
Um dos destaques do estudo é a gravidade da situação das crianças. É o caso dos 20,5 milhões de bebês que nasceram abaixo do peso (um em cada sete nascidos); dos 148,9 milhões de crianças menores de cinco anos com estatura baixa para a idade (21,9%); e dos 49,5 milhões menores de cinco anos com peso baixo em relação à altura (7,3%). Uma em cada quatro crianças do mundo sofre crescimento atrofiado. Em países em desenvolvimento, a proporção aumenta de uma para três. Cerca de 66 milhões de crianças em idade escolar primária vão às aulas passando fome, sendo 23 milhões apenas na África.
Na Ásia, mais de 500 milhões de famintos
Segundo o relatório, no ano passado a Ásia (especialmente o sul do continente) teve o maior número absoluto de pessoas com fome: 513,9 milhões no total. Na África, 256,1 milhões de indivíduos estavam nessa situação e na América Latina e no Caribe, 42,5 milhões.
Em termos proporcionais, a situação é mais grave no lado oriental da África, onde uma de cada três pessoas (30,8%) está subnutrida. A ONU aponta como causas os conflitos locais, fenômenos climáticos e a retração econômica. “Juntos, a África e a Ásia têm a maior parcela de todas as formas de desnutrição, sendo responsáveis por mais de nove entre 10 crianças com atraso no crescimento e mais de nove entre 10 crianças com debilitação em todo o mundo”, informa a nota da ONU.
No Brasil, o número de famintos está na casa dos cinco milhões. Houve uma queda no índice nos últimos anos. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), a parcela de brasileiros desnutridos caiu de 4,6% da população total entre 2004-2006 para um índice menor que 2,5% entre 2016 e 2018.
Entre 2004 e 2006, estima-se que 8,6 milhões de brasileiros passavam fome. A queda mais acentuada aconteceu no período de 2004 a 2014 – quando 26.5 milhões de pessoas saíram da pobreza. Com isso, em 2014 o Brasil deixou o ‘Mapa da Fome’ elaborado pela FAO.
Agricultura forte para alimentar o mundo
De acordo com a análise da ONU, apostar na agricultura é uma das soluções para erradicar a fome. A agricultura é a maior empregadora única no mundo, provendo meios de vida para 40% da população global atual. Ela é a maior fonte de renda e trabalho para famílias pobres rurais.
Cerca de 500 milhões de pequenas fazendas no mundo todo fornecem até 80% da comida consumida numa grande parte dos países em desenvolvimento. Investir em pequenos agricultores é um modo importante de aumentar a segurança alimentar e a nutrição para os mais pobres, bem como a produção de alimentos para mercados locais e globais.
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