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É melhor comprar saco de lixo ou usar sacola do mercado?

As sacolas de supermercado são feitas de um filme com resina de baixa densidade (PEBD). Tipos de plástico são: o PVC feito de policloreto de vinila; o PET feito de tereftalato de polietileno, um tipo de plástico mais reciclado pela indústria; o PEAD, um polietileno de alta densidade; PP ou polipropileno; PS ou poliestireno. São todos polímeros de plástico não biodegradável.

O saco de plástico é muito utilizado pelo homem, pois serve de transporte para alimentos, mercadorias e objetos diversos. São práticos, porém péssimos para o ambiente. O objetivo do saco para lixo é único: compra, coloca o lixo e o descarta. Já a sacola com a sua distribuição gratuita nos supermercados tem seu primeiro uso como embalagem, depois no acondicionamento dos resíduos domésticos encerrando seu ciclo de vida. A questão das sacolas não é então um problema de química, mas de educação com relação ao descarte. O papel, por exemplo, leva pelo menos três meses para se decompor, enquanto as latas de alumínio demoram quase 500 anos. As sacolas plásticas, muito utilizadas em supermercados e lojas em geral, levam até 400 anos para se decompor.

Calcula-se que cerca de 90% dos sacos de plástico acabam a sua vida em lixeiras. Na verdade, estes objetos ocupam apenas cerca de 0,3% do volume acumulado. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, 1,5 milhões de sacolas de plástico são distribuídas diariamente. O destino da grande maioria delas é virar saquinho de lixo, e depois esse saquinho vai para o aterro. Dada a sua extrema leveza, poder sair voando e ir parar na copa de uma árvore ou ser confundido com alimento boiando na água, prejudicando peixes e outros animais marinhos, provocando outros tipos de poluição.

A Assembleia Legislativa (Alerj), além de decretar o fim deste tipo de embalagem prejudicial ao meio ambiente, determinou que os supermercados estarão obrigados a fazer uso apenas de dois tipos de sacolas: as biodegradáveis ou as reutilizáveis, que podem ser gratuitas ou vendidas ao consumidor a preço de custo.

Foram desenvolvidos materiais plásticos biodegradáveis que prometem resolver o problema ambiental causado pelos sacos comuns. Em São Paulo, empresas produzem o plástico biodegradável a partir de polímeros do álcool. O setor de biotecnologia do IPT desenvolveu um plástico derivado, por ação de uma bactéria, do açúcar de cana. Outro exemplo, o fungo Pestalotiopsis microspora é capaz de alimentar materiais plásticos compostos a base de poliuretano.

Uma grande alternativa contra o consumo excessivo de sacolas de plástico é a utilização de sacolas retornáveis ou sacolas ecológicas, confeccionada em sua maioria em algodão cru e outros tecidos. Lembrando que, neste caso, é intensamente orientado que use uma sacola para cada tipo de produto. Evitar misturar verduras com sabão, assim como higienizar as que detêm restos orgânicos.

Tem o plástico biodegradável, o PLA, que se decompõe depois de dois meses de descarte e é digerido por microorganismos. O problema é que esse tipo de plástico precisa ser rejeitado e processado corretamente para se decompor. Se apenas descartado em um lixão comum pode acabar também produzindo metano.

Tem sacolas de bioplástico, feitas de amido de milho, biodegradáveis e de baixo custo. Tem o polietileno verde, ou plástico verde. Ele é feito de etanol da cana-de-açúcar. Esse material captura o CO2 da atmosfera ajudando na redução dos gases do efeito estufa. Cada quilo de plástico verde produzido captura 2,5 quilos de gás carbônico. Contudo, não é biodegradável, então tem que ser reciclado. Se meramente despejado num aterro, vai ficar por lá por muito tempo junto com o plástico comum.

Há plásticos orgânicos feitos de resinas de amido de milho e mandioca. Esse se decompõe em até 120 dias e o que sobra ainda pode ser usado como adubo. Essas resinas naturais são misturadas ao plástico sintético no processo da produção. Então, depois que o amido dissipar vão sobrar migalhas de plástico, que decantando nos rios podem ser comidos por peixes.

Tem o plástico oxibiodegradável, que usa um aditivo químico para estimular o processo de degradação. A vida útil dessa sacola é de dois anos e os fabricantes garantem que, ao final da decomposição, o que sobra é água, húmus e CO2. De todos, esse parece o mais promissor, mas ainda faltam pesquisas que garantam a eficiência.

Depois disso tudo a impressão que dá é que não tem solução fácil. A verdade é que cada uma dessas sacolas tem vantagens e desvantagens. Na realidade atual, os oceanos recebem oito milhões de toneladas de plástico por ano. O que está esquecido de mencionar é que as sacolas não são o item em maior quantidade e peso. Existem garrafas PET, alimentos ensacados com plástico como feijão, fubá, arroz, farinha, pipoca, açúcar, sal e etc. Temos embalagens plásticas para todos os tipos de consumo, as fechadas a vácuo para inúmeros produtos: frutas, legumes, produtos de farmácia, como frascos de shampoo, remédios e vitaminas. E outros infinitos tipos de utilização.

Será que somente as sacolas para supermercados devem ser eliminadas?

Nos países ricos e desenvolvidos não há intenções em eliminar, e sim em substituir, o plástico pelos acima citados porque já existe um sistema de tratamento vigente. Nos países em desenvolvimentos, cogita-se eliminar porque não existe ainda sistemas de tratamento do lixo que nem sequer são mencionados nos debates.

No Brasil, existem concepções e tratamentos obrigatórios que bizarramente não são exercidos por muitos, e mesmo os que parcialmente cumprem não atendem satisfatoriamente à Lei Federal 12.305, de 02/08/2010 que instituiu o Programa Nacional de Resíduos Sólidos, e ao Decreto Presidencial nº 7.404, de 23/12/2010, que regulamentou a obrigação dos municípios de elaborarem o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos sob pena de não acessar recursos da União (empreendimentos destinados a limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos no seu art. 18). Lembrando que já se constituía crime ambiental sob a Lei nº 9.605, de 12/02/1998, para vazadouros que geram poluição ao meio ambiente.

A solução da sacola plástica está na educação pública do cidadão com relação ao descarte do lixo, o meio ambiente e a coleta seletiva, na substituição por embalagens adequadas e, principalmente, caberá um investimento público ou público/privado ao Plano Municipal de Gestão Integrada, orientando o tratamento e a destinação final dos resíduos sólidos, ajustada às legislações vigentes e também às exigências de caráter social. Ou seja, aquelas que podem desintoxicar o meio ambiente, assegurar emprego, rentabilidade financeira para o município, promovendo a inclusão social e cidadania.
Eliminado o plástico do meio ambiente sem ter que simplesmente eliminá-los das suas utilidades é jogar a conta e a dificuldade para a população.

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