Jornal DR1

Rio de Janeiro tem mais de 2.500 casos de tiroteio ou disparos no primeiro semestre

 

Por Claudia Mastrange

Não está nada fácil o pacato cidadão, a quem é lembrado na letra da música do grupo Skank que é “o fim da utopia” e “guerra todo dia” nesta civilização. E como! No Rio de Janeiro, as notícias de tiroteios, balas perdidas, assaltos e arrastões pipocam no dia a dia. Raramente vamos dormir sem receber a informação de uma vítima. Por conta disso, boa parte da população não sai de casa sem conferir as últimas de aplicativos como o OTT (Onde Tem Tiroteio) ou a plataforma Fogo Cruzado.

Os dados sobre violência armada analisados pelo Fogo Cruzado dão conta que no primeiro semestre de 2019 foram efetuados 4.169 tiroteios/disparos de armas de fogo na região metropolitana do Rio de janeiro, sendo 2.546 só no município do Rio. No total, 1.502 pessoas foram baleadas. Destas, 772 morreram, 256 na cidade do Rio. Comparado com o primeiro semestre de 2018 (4.652), período em que foi decretado o início da Intervenção Federal, houve uma queda de 10% no número de tiros no Grande Rio este ano. Mas dá pra achar bom? Difícil, né?

Até porque os números se transformam em fatos e nomes. No dia 28 de julho, um morador de rua esfaqueou e matou duas pessoas no bairro da Lagoa. Em maio, Kauã Vítor Rozário, de 11 anos, morreu ao ser atingido por um tiro quando andava de bicicleta na Vila Aliança, em Bangu. Já a estudante Lorena Quintal foi atingida por bala de fuzil nas duas pernas. Estava no sofá de casa, na Mangueira, e precisou passar por cirurgia, mas sobreviveu. Em 28 de julho, o PM Cristiano Machado foi vítima de um assalto no Arco Metropolitano, altura de Japeri. Atingido por dois tiros, morreu no hospital.

As notícias parecem repetidas, mas é só mais do mesmo nessa nossa cidade perigosa, onde a ousaria dos bandidos acontece a céu aberto. O que dizer da cena flagrada pela imprensa, em que homens munidos de guindaste tentavam serrar e roubar uma caixa d’água gigante em um condomínio em Triagem, na zona norte? Imagine se não houvesse câmera?

Talvez a crença de que a impunidade vigora − em todas as instâncias − alimente o apetite voraz dos criminosos. E o pacato cidadão? Liga sempre o alerta e cobra ação do poder púbico, mas conta mesmo é com a esperança da proteção divina.

Foto: Reprodução

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