Por Claudia Mastrange
Mãe amorosa, trabalhadora dedicada, mulher determinada e com uma origem humilde, que só a fez crescer como profissional e ser humano. O perfil de Grazi Massafera faz uma intercessão com o de sua personagem, a Paloma da novela ‘Bom Sucesso’, que deu uma virada na vida ao acreditar ter apenas seis meses de vida. “A gente acha que é imortal”, diz.
Feliz com seu atual momento, a atriz conta que considera Paloma uma homenagem à sua mãe, Cleuza, costureira como a protagonista da trama. Mãe de Sofia, de 7 anos, sua filha com o ator Cauã Reymond, ela revela que pensa em ter mais filhos. Seria Caio Castro o candidato ideal? A loira não assume o romance, mas foi flagrada aos beijos com o Rock de ‘A Dona do Pedaço’. Os dois viajaram juntos para Ubatuba, onde até posaram para fotos – separados – com uma fã. Pelo visto, o amor esta no ar! Vamos aguardar os próximos capítulos…
Você havia decidido dar uma parada na dramaturgia pra se dedicar à sua filha Sofia. Por que a personagem Paloma te conquistou?
Pela homenagem à minha mãe, que é costureira. Tenho ainda muita memória afetiva, o barulho da máquina de costura quando eu fecho os olhos. É muita lembrança… Quando eu ia fazer uma costureira de novo para homenagear ela e tantas outras Palomas que estão por aí? Conversei com Sofia… e me lembrei de uma coisa: quando eu era pequena minha mãe trabalhava muito. E como isso me ajudou a me tornar uma mulher forte e batalhadora!
Você tem alguma característica da Paloma?
O resgate a essas coisas populares, que é o que eu fui durante toda uma vida. Agora não, vivo aqui dando entrevista, virei atriz de novela, saí um pouco desse lugar. Mas tem a simplicidade, esse resgate que estou amando.
Grazi, 9% dos lares são chefiados por mães solo. Qual a responsabilidade de representá-las na TV?
Eu acho que você já disse tudo. É uma grande responsabilidade porque é uma homenagem a todas. A gente está vivendo um momento feminino muito bonito, de personagens interessantes. Bacana, num momento como esse, uma personagem assim. Retratar a vida dessas mulheres, mesmo que na ficção.
E o tema da morte? A Paloma acreditou estar com uma doença terminal no início da trama.
Se você parar pra pensar, na verdade estamos falando de vida. Se há uma coisa que a gente tem certeza é da morte, que está presente na vida de todos, mas como estamos vivendo nosso dia a dia? Tem hora que a gente não se questiona, acha que é imortal. O fato de a Paloma ter uma data para morrer fez ela se transformar e viver uma vida mais intensa, com esse contato com a finitude. É bom para a gente questionar: ‘está do jeito que eu queria?’.
E como é fazer essa mãe batalhadora?
Agora eu sou mãe de três, né? É uma grande diferença. Eu sou mãe de uma criança, Paloma tem filhos adolescentes. Tive a sorte e o prazer de poder conquistar a minha independência financeira antes de ser mãe. Isso faz uma grande diferença. Eu me lembro da minha mãe quando teve a gente. Ela se separou do meu pai e ficou numa situação mais complicada. Lembro que jurei para mim mesma que queria ser mãe só quando conseguisse minha independência financeira. Eu sou canceriana, maternidade está na minha veia.
Mas ter ajuda é fundamental, né?
Tive o luxo de poder contar com o auxílio de pessoas da minha família, anjos da guarda como funcionários. Porque quando a pessoa trabalha com amor não tem preço. Eu contei com a ajuda dessas pessoas para ter um auxílio quando estou gravando novela. A Paloma, e tantas outras Palomas que tem por aí, tem uma situação muito mais complicada. Quando os filhos são bebezinhos é tudo mais fácil. Quando crescem, na hora de educar mesmo, é tudo mais complicado, e estou sentindo um pouco isso na pele.
Você está preparada para ser mãe de uma adolescente?
Não estou. Fui adolescente do interior, outra coisa é ser adolescente no Rio de Janeiro. Aqui são muitos atrativos. Então conto com o auxílio do pai [Cauã Reymond] e de muita conversa com ela. Já estou desenvolvendo coisas desse tipo. Eu tinha uma coisa com a minha mãe, não conseguia mentir para ela. Criamos uma relação de amizade, e tento já ter isso com a Sofia.
A Paloma é muito espiritualizada. E você?
Eu também sou muito. Fui criada na igreja católica e hoje em dia acredito em fé. A fé é o princípio de tudo, e a Paloma é uma pessoa de fé.
O que você faria se soubesse que lhe restam seis meses de vida como quase aconteceu com a personagem?
Talvez algo parecido com o que ela [Paloma] fez. Tentar viver intensamente esses seis meses. Mandar tudo para as cucuias e viajar com a minha filha para tudo que é lado, comer, beber, abraçar, beijar, agarrar minha pequena.
Na trama você tem três filhos. Você já pensou em ter mais filhos?
Lógico!
Tem vontade de ter quantos?
Ah, não sei. Peraí, deixa eu arrumar o pai, aí a gente decide junto.
Está fácil ser solteira no Rio?
Eu só trabalho. Não tenho mais tempo e preciso administrar isso.
Você prefere uma fase mais solteira ou grudadinha?
Eu gosto de namorar, mas nesse ritmo que estou está impossível.
Sua personagem tem ligação muito forte com a leitura. Você também tem essa intimidade?
Não. Sabia que lá na minha casa, eu pegava um livro para ler e minha mãe dizia “você é vagabunda? Vai trabalhar!”. Livro era uma coisa que significava não ter o que fazer. Para a maioria do brasileiro infelizmente ainda é assim. Não julgo minha mãe e minha família, mas é que havia uma conotação que não está fazendo nada se está lendo. Mas é tão lindo. O hábito de ler tem que ser desenvolvido desde cedo. Hoje em dia eu leio com a minha filha, a gente senta junto para ler.
Verdade que Antônio Fagundes te indica várias obras?
Fagundes é uma enciclopédia ambulante, uma biblioteca. Ele presenteia a gente com livros divinos e maravilhosos. Já estou com uma listinha que ele me deu, não estou conseguindo ler, mas vou ainda. É um presente estar com esse homem.
Foto: Estevam Avellar