Por Claudia Mastrange
O que era para ser um evento só de samba e alegria acabou em uma grande confusão. Assim foi a festa oficial de abertura do Carnaval do Rio, capitaneada pelo Bloco da Favorita, entre outras atrações, e realizada no dia 12 de Janeiro, na Praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. O evento começou às 15h e o tumulto se iniciou uma hora depois do fim do show, que atraiu cerca de 300 mil pessoas. A multidão acompanhou na maior empolgação os shows de Preta Gil, Sandra de Sá, além da eleição do Rei Momo e toda a Corte do Carnaval.
O problema começou quando a Guarda Municipal chegou para dispersar o público que ainda estava na areia. Pessoas começaram a atirar objetos em direção aos veículos das corporações. Os agentes responderam com bombas de gás lacrimogêneo e acionaram a PM que chegou a usar cavalos, causando pânico, correria, culminando com brigas e arrastões na areia. Ao final, cinco carros da Guarda Municipal estavam quebrados e foram efetuadas, segundo a Polícia Civil, 28 prisões em flagrante e 85 registros de ocorrência na região, entre 12 e 24 horas.
A pergunta que fica no ar, caro leitor, é: olhando a multidão da foto acima, você diria que é uma boa ideia tentar ‘dispersar’ 300 mil pessoas? O povão estava em clima de festa, em pleno verão carioca, batendo a sensação térmica de 50 graus, na areia da praia… Dispersar para onde? Neste momento sai de cena o bom senso e entra a truculência das forças policiais, que partem com tudo para cima das pessoas. Mais uma bola fora das autoridades que deveriam dar segurança ao folião que só queria se divertir. E pior: a abertura do que é considerado maior espetáculo da Terra vira notícia internacional, de forma negativa.
A PM declarou, por nota, que deu apoio à Guarda Municipal. Esta, em resposta ao Diário do Rio alegou ter sido atacada por ambulantes com garrafas de vidro e pedras. “O comando da instituição reforça a necessidade de a população colaborar com os órgãos públicos acatando as orientações e determinações que precisam ser cumpridas em eventos de grande porte”, informou a GM.
Justificativas à parte, de acordo com especialistas em segurança e análise de risco, houve falha no planejamento, especialmente na dispersão. Ela poderia ter se iniciado com o trabalho do pessoal da Comlurb. “O início da limpeza já sinaliza mais claramente para o público o fim da festa”, declarou Moacyr Duarte, diretor do Grupo de Análise de Risco Tecnológico e Ambiental da Coppe/UFRJ.
A modelo Ana Paula Evangelista, musa da Unidos da Tijuca, fraturou o punho durante o tumulto e teve que imobilizar o braço. Ela foi atendida no Hospital Miguel Couto, no Leblon, e liberada em seguida. Para evitar a confusão, Ana pulou uma das grades que isolava o acesso ao Copacabana Palace, onde iria a uma festa, caiu e fraturou o punho. “Fico muito triste em chegar ao Brasil, país que eu amo, e ver um evento que abre o carnaval terminar nessa tragédia. Ao que tudo indica estarei recuperada para o desfile, mas o trauma e o pânico eu nunca mais vou esquecer”, declarou. Certamente muitos não esquecerão.