Por Sandro Barros
A repercussão negativa das declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que no dia 7 de fevereiro chamou servidores públicos de “parasitas”, levou o presidente Jair Bolsonaro a adiar o envio do texto da reforma administrativa ao Congresso, programado para a semana seguinte. Segundo a jornalista Carla Araújo, do UOL, a avaliação é de que o clima no Congresso Nacional precisa ser apaziguado antes do envio do texto, já que o governo reconhece que haverá pressão dos servidores e resistências dos próprios parlamentares para tratar do tema.
A proposta de reforma administrativa do governo prevê o fim da progressão automática na carreira e a redução de até 25% dos salários e da jornada de trabalho. Também ficariam suspensos a realização de concursos, a criação de cargos e os reajustes de benefícios.
O governo estava com tudo engatilhado e já estava acertado que Guedes encabeçaria, junto com outros ministros, o comando das negociações com o responsável pela articulação política, Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Eles levariam o texto pessoalmente ao Congresso, mas depois da repercussão da fala de Guedes, a estratégia foi reavaliada. A proposta inicial era tirar Guedes das negociações, mas tudo indica que a decisão é a de somente adiar o envio.
Guedes disse que a sua fala foi tirada de contexto e que a imprensa tenta desviar o assunto, mas pediu desculpas aos servidores quatro dias depois, para tentar reverter o estrago. No entanto, servidores não perdoam a colocação do ministro, que prometem acionar o Conselho de Ética da Presidência da República.
“Guedes, mediante discurso ultrajante a todas as categorias do serviço público brasileiro, ignorou que ele próprio tem o dever de servir ao Estado brasileiro, como todos os demais servidores públicos, em todos os níveis da Federação. Nossa denúncia à Comissão de Ética busca restaurar a verdade e responsabilizar o autor desse insulto”, destaca Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate).