Por Claudia Mastrange
A chuva não deu trégua, mas a alegria de estar de volta à Marquês de Sapucaí fez com que os componentes de Viradouro – a grande campeã do carnaval carioca -, Grande Rio, Mocidade, Salgueiro, Beija-Flor e Mangueira desfilassem com a maior garra e animação no Desfile das Campeãs, no sábado, 29 de fevereiro. Tudo bem no clima da “Alma Lavada’, enredo campeão da Viradouro, que contou a história das ‘Ganhadeiras de Itapuã’.
Sem o peso da disputa pelo título, os sambistas passaram com e leveza e, ao longo da avenida se livraram de pedaços de fantasia e sapatos encharcados pela chuva torrencial, que também acabou fazendo a cantora Elza Soares, de 89 anos, homenageada pela Mocidade, desistir desse segundo desfile, por recomendação médica. Ela foi representada, no último carro, pela neta Vanessa.
As musas brilharam. Viviane Araújo, há 13 anos rainha de bateria do Salgueiro deu show como sempre e a ‘Jesus Mulher’ de Evelyn Bastos, rainha Mangueira, emocionou desfilando descalça. À frente da bateria da Grande Rio, a atriz Paolla Oliveira nem ligou para a chuva e deu show de ritmo para o público do setor um e no recuo da bateria. Sempre sorrindo e bem humorada, a musa disse que quase precisou de um bote para chegar à avenida e que estava feliz porque, desta vez, a Grande Rio chegou pertinho do título.
Aílton Graça mais uma vez representou com garra e samba no pé Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil, enredo do Salgueiro, que encheu de cores e personagens circenses a Marquês de Sapucaí. O povão vibrou e não arredou pé, mesmo com o temporal. Muitos se protegiam com guarda-chuvas, na verdade proibidos na avenida.
Neguinho da Beija-Flor, que contabiliza nada menos que 50 anos de carreira assistiu ao desfile das outras cinco escolas da noite em uma das cabines de transmissão de rádio , no setor 1, e foi super requisitado para fotos e pequenas entrevistas, “Mas assim eu não consigo assistir nada. Vem comigo!”, disse, ao Diário do Rio, quase correndo para ver a Grande Rio, depois de revelar que a emoção de estar ali não tinha sequer descrição. “Isso aqui é minha vida, é tudo. Aqui eu venci um câncer, aqui me casei…”, lembrou o intérprete da escola de Nilópolis.
E essa certamente, foi mais uma noite de emoções. Que venha o carnaval 2021!
Fotos: Diário do Rio