Editorial
Guarde bem esses nomes: André Corrêa (DEM), Marcos Abrahão (Avante), Luiz Martins (PDT), Chiquinho da Mangueira (PSC) e Marcus Vinicius Neskau (PTB). Todos eles são deputados estaduais do Rio de Janeiro e foram presos preventivamente em outubro de 2018 na Operação Furna da Onça, a mesma que investigou a corrupção entre parlamentares e empresas privadas, além do loteamento de cargos em órgãos públicos.
Segundo as investigações, o esquema teria movimentado R$ 54,5 milhões em propinas, entre 2011 e 2014, no segundo mandato do então governador Sérgio Cabral.
Os cinco deputados chegaram a ser empossados na prisão e os suplentes assumiram o cargo. Um ano depois, no dia 22 de outubro, a Assembleia Legislativa (Alerj) decidiu livrar os parlamentares da cadeia, depois que a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia entendeu que era responsabilidade da casa legislativa soltar ou manter os políticos presos.
A denúncia da soltura dos deputados foi matéria de capa do Diário do Rio (veja reprodução), somando-se, como de costume, à imensa indignação popular.
A posse dos deputados, no entanto, estava suspensa por decisão do Tribunal de Justiça do Rio, mas recentemente foi derrubada pelo STF. Então a Alerj recebeu a ordem para que os parlamentares reassumissem os mandatos no dia 27 de maio. E, escandalosamente, eles retomaram os seus mandatos um dia depois.
Quem vive do suor honesto do trabalho, trabalho esse que se torna cada vez mais difícil em tempos de pandemia, e não goza das mordomias pagas com o dinheiro público, tem todos os motivos para lamentar mais esse triste e vergonhoso episódio no legislativo fluminense. O que estamos assistindo é outra vitória da impunidade de criminosos.
Enquanto nos preocupamos em como conter o novo coronavírus, temos também muito que aprender em como combater uma velha doença brasileira, tão enraizada em nossa sociedade: a corrupção!