Nascida em 15 de abril de 1850, em Vassouras, Estado do Rio de Janeiro, Eufrásia Teixeira Leite filha caçula do Dr. Joaquim José Teixeira Leite e Ana Esméria e Castro neta paterna do Barão de Itambé, neta materna do Barão de Campo Belo, sobrinha do Barão de Vassouras e Sobrinha neta do Barão de Aiuruoca. Tinha uma única irmã Francisca Bernardina Teixeira Leite e um irmão que faleceu na infância.
O pai atuou na política imperial como presidente da Câmara Municipal de Vassouras e deputado da Província do Rio de Janeiro. Contudo sua principal atividade era a Casa Comissária de Café (o equivalente a um banco hoje). Ganhava dinheiro do café sem plantar café, financiando os barões cafeeiros, não tinha fazenda, mas apenas uma chácara (Casa da Hera, até hoje bem preservada) e cinco escravos. Recebia dos fazendeiros o café para ser vendido e exportado.
O dinheiro arrecadado era mantido em crédito em uma conta do fazendeiro, da qual era debitado o valor dos mantimentos e outros pedidos que garantiam novas plantações. Eram as Casas Comissárias que financiavam a lavoura de café. O poder e a fortuna estavam nas mãos dos comissários de café que controlavam o recurso financeiro para poder investir e realizar o processo produtivo.
Os Corrêa e Castro, a família do lado materno eram grandes fazendeiros de café com títulos de nobreza.
A residência da família era um dos principais palcos por onde transitavam homens e mulheres ilustres da época. A Casa da Hera, como ficou conhecida, foi cenário de festas, saraus e onde se fazia comércio e se discutia finanças e política.
Com a morte dos pais (a mãe em 1871 e o pai em 1872), Eufrásia e sua irmã herdaram uma fortuna invejável em títulos públicos, apólices do Banco do Brasil e créditos de dívidas a receber. Logo depois, em 1873, morre a avó materna (Baronesa de Campo Belo) e as irmãs veem seu patrimônio aumentado por um soma considerável de dinheiro, na forma de títulos e escravos, herdados da avó.
Jovens e solteiras as irmãs contrariando os costumes da sociedade patriarcal da época, não se casaram e nem deixaram os tios à administração. O pai lhes havia ensinado matematica financeira e as preparado para serem grandes capitalistas. Venderam as ações, títulos e a casa do Rio de janeiro, cobraram créditos, venderam escravos, fecharam à casa da chácara, deixando dois empregados incumbidos de sua conservação e partiram em 1873 para residir em Paris.
Na França, Eufrásia, independente, hábil para os negócios e com um espírito empresarial de família, investiu sua fortuna e da irmã em capital financeiro, sabendo administrá-la e multiplicá-la com maestria no circuito mercantil internacional. Tornou-se acionista de diversas empresas de diferentes países.
Comprou ações, no Brasil, do Banco do Comércio e Indústria de São Paulo, do Banco Mercantil do Rio, do Banco do Brasil, Cia. Docas de Santos, Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, Cia. Paulista de Estradas de Ferro, estrada de Ferro Madeira-Mamoré, etc. Consta ter sido a primeira mulher a entrar no recinto da Bolsa de Valores de Paris. Frequentou a aristocracia francesa, ganhou admiradores e se relacionou durante alguns anos com o político pernambucano e abolicionista Joaquim Nabuco.
Francisca faleceu, na França, em 1899 sem ter se casado. Eufrásia herdou a fortuna da irmã e retornou definitivamente para o Brasil em 1928, permanecendo uma temporada em Vassouras, na Casa da Hera. Viveu seus últimos anos, em um apartamento no Rio de janeiro, cercada de empregados fiéis. Faleceu em 1930, aos 80 anos sem nunca ter se casado e sem herdeiros.
Nos terrenos deixados por Eufrásia, em Vassouras, foram construídos o Instituto Feminino para moças pobres, o Colégio Regina Coeli para moças, o Senai, o Fórum e outros prédios. O hospital Eufrásia Teixeira Leite foi construído com recursos deixados por ela.
Uma das clausulas do seu testamento pedia para conservar a chácara da Hera com tudo que nela existia, não podendo ocupar ou ser ocupada por outros. Assim, a residência dos seus pais em Vassouras é hoje o Museu Casa Da Hera.
A Sinhazinha Eufrásia fugiu do tradicional papel feminino da época que a sociedade do século XIX impunha as mulheres subjugadas aos pais, aos maridos e a sociedade. A riqueza lhe garantiu emancipação econômica e sentimental. Era uma mulher bonita, inteligente, intelectual, autoritária, refinada, culta, apaixonada e solitária.