No Brasil, o câncer é a enfermidade que mais mata crianças e adolescentes de 01 a 19 anos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca)
De Fortaleza, no Ceará, Juan Yure Carneiro das Chagas, com apenas 13 anos, já enfrentou obstáculos que poderiam desestruturar qualquer pessoa adulta. Depois de uma inocente brincadeira entre amigos, Juan descobriu uma alteração no osso femoral e foi diagnosticado com Osteosarcoma – câncer ósseo que começa nas células formadoras dos ossos. O pequeno, como parte do tratamento, precisou passar por uma amputação. Juan encontrou no esporte a chance de um recomeço e foi no surfe que o pequeno manobrou a doença. “A cura foi a melhor alegria da minha vida. Hoje eu sou um vencedor”.
Tendo em vista o desafio de mudar a vida de crianças e adolescentes com câncer como o Juan, o mês de fevereiro celebra o dia Internacional da Luta contra o Câncer Infantil (15/02), com objetivo de alertar sobre a doença e promover a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce para aumentar as chances de cura aos mesmos patamares dos países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que podem chegar a 80%. Atualmente, no Brasil, as chances de cura são de 64%.
De acordo com pesquisa realizada pelo INCA – Instituto Nacional de Câncer, no Brasil, a cada hora, surge um novo registro de câncer em crianças e adolescentes. Esta é a doença que mais mata crianças e adolescentes de 01 a 19 anos no país. Ainda conforme o estudo, entre os anos 2020 e 2022, o Brasil terá cerca de 625 mil novos casos de câncer diagnosticados entre crianças e adultos.
Para aumentar as chances de cura no cenário no Brasil, o Instituto Ronald McDonald, instituição sem fins lucrativos, há quase 22 anos atua para aproximar famílias da cura do câncer infantojuvenil. A organização tem como missão promover saúde e qualidade de vida para crianças e adolescentes antes, durante e após o tratamento da doença através de diversos projetos pelo Brasil.
Como é o caso do Juan Carlo Moreira, que aos 10 anos foi diagnosticado com 10 tumores malignos e uma metástase no pulmão. Ele passou pelo tratamento oncológico e contou com o auxílio da Casa Ronald McDonald do Rio de Janeiro, um dos programas coordenados pelo Instituto Ronald McDonald. “Eu não acreditava em doações, e ali, na Casa, vi realmente a importância delas para quem atravessa a doença. Sou a prova de que o preconceito existe e de que cada doação conta, e conta muito. Guardo isso no meu coração, é um peso de ter, um dia, duvidado da ajuda dessas doações”, afirma Alessandra Araújo de Souza, mãe de Juan.
Sua jornada não foi fácil, mas hoje, aos 18 anos, ele está curado, é estudante técnico de informática, está no seu primeiro emprego e tem o sonho de estudar fora do país.
Apenas em 2019, a organização sem fins lucrativos, que depende exclusivamente de doações de pessoas físicas e empresas, realizou cerca de 95 mil atendimentos a crianças e adolescentes com câncer em tratamento e seus familiares. Só pelo programa Diagnóstico Precoce do Câncer Infantojuvenil, o Instituto Ronald já capacitou mais de 27 mil profissionais e estudantes da área de saúde, sensibilizando os participantes sobre a importância dos sinais e sintomas da doença em crianças e adolescentes como auxílio para o aumento das chances de cura.
Em 2020, o programa Diagnóstico Precoce, em versão totalmente digital, capacitou 742 estudantes de enfermagem e medicina e residentes em pediatria. Ainda em 2020, o Instituto Ronald McDonald, por meio de suas ações e campanhas, beneficiou 68 projetos, de 59 instituições em 43 municípios de 21 estados mais o Distrito Federal.
No Brasil, o tempo entre a percepção de sintomas e a confirmação diagnóstica do câncer infantojuvenil é longo e por isso muitos pacientes chegam ao tratamento em fase avançada da doença. “Identificar precocemente o câncer infantojuvenil é fundamental para aumentar as chances de cura e resultados positivos de tratamento. Os sinais do câncer na infância muitas vezes são imprecisos e por isso é importante estarmos sempre em alerta.”, reforça o superintendente do Instituto Ronald McDonald, Francisco Neves.
Principais sinais e sintomas do Câncer infantojuvenil
Em sua fase inicial, os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil podem se assemelhar aos de doenças comuns da infância, o que muitas vezes dificulta a suspeita e o diagnóstico correto do câncer em crianças e adolescentes.
• Aumento do abdômen;
• Dores de cabeça – especialmente se incomum, persistente ou grave, acompanhada de vômito (normalmente pela manhã ou com piora ao longo dos dias);
• Sangramentos no nariz ou gengiva;
• Tontura;
• Palidez e hematomas;
• Emagrecimento – quando a criança não ganha peso, perde peso ou ganha peso de forma insuficiente;
• Alterações oculares – pupila branca, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos;
• Fadiga, letargia ou mudanças de comportamento – como isolamento;
• Dor em membro ou dor óssea;
• Caroços ou inchaços – especialmente se forem indolores e sem febre ou outros sinais de infecção;
• Febre e tosse persistente – ou falta de ar e sudorese noturna.