A mudança no comando de seis pastas do primeiro escalão do governo federal mexeu com o meio político nesta semana. A reforma ministerial do presidente Bolsonaro incluiu trocas na Casa Civil, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério das Relações Exteriores, Secretaria de Governo, Ministério da Defesa e Advocacia-Geral da União (AGU).
A Casa Civil passa a ser comandada pelo general Luiz Eduardo Ramos, em substituição ao também general Braga Netto. Ramos, que até então ocupava a Secretaria de Governo, será substituído pela deputada federal Flávia Arruda (PL-DF), que faz parte da base de apoio do governo no Congresso. Já Braga Netto será deslocado para o comando do Ministério da Defesa no lugar do general Fernando Azevedo e Silva, que anunciou a demissão do cargo.
No Ministério das Relações Exteriores, saiu Ernesto Araújo e, em seu lugar, assumiu o diplomata Carlos Alberto França, antes assessor especial de Bolsonaro, mas que até poucos meses atrás ocupava o cargo de chefe do cerimonial da Presidência da República. França foi promovido a ministro de primeira classe (embaixador) em 2019, o último posto da carreira diplomática. No exterior, atuou como ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil na Bolívia e também serviu em representações diplomáticas em Washington (EUA) e Assunção (Paraguai).
Na AGU, o governo anunciou o retorno de André Mendonça ao cargo, que assim deixará o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele entra no lugar de José Levi. Mendonça volta a ocupar o mesmo cargo em que esteve até abril de 2020, quando substituiu o ex-ministro Sergio Moro no comando do MJSP. Em seu lugar no ministério, assumirá o delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
Reforma e repercussão
Com as mudanças, o presidente sacramentou a entrada do Centrão (grupo de partidos sem uma linha ideológica bem definida) no governo, em troca de apoio e para atender às demandas da base parlamentar.
As mudanças também provocaram atritos. Os três comandantes das Forças Armadas decidiram colocar os cargos à disposição, em solidariedade ao agora ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, mas Bolsonaro se antecipou ao movimento e determinou as trocas no Exército, Marinha e Aeronáutica.
Segundo interlocutores, os comandantes planejavam reforçar a mensagem pública de Azevedo e Silva do papel das Forças Armadas como instituições de Estado. Por trás da demissão de Azevedo e Silva, no entanto, estaria uma insatisfação de Bolsonaro à ideia de separação entre as Forças Armadas e a política, defendida por Silva.