Twitch é um serviço de streaming de vídeo ao vivo mais popular focado em videogames e esportes eletrônicos. Tudo começou em 2007 quando a plataforma ainda se chamava Justin.tv, criada por Justin Kan e Emmett Shear, e tinha várias categorias divididas. O site acabou se tornando popular pelo destaque em sua categoria de jogos e não demorou muito para que esse gênero pudesse se desvincular da Justin e se tornar Twitch.tv.
A plataforma hoje é a que mais cresce no mundo, batendo de frente com outras como Facebook Gaming e NimoTV. E é inegável o quanto a plataforma é bem acessível, tem suporte no Brasil e seu pagamento é totalmente em dólar. Você consegue receber doações, moedas de interação, se inscrever para ajudar os “Afiliados” e “Parceiros”, bits que é uma moeda que funciona como doação para ganhar destaques nas lives para o streamer e outros meios.
A questão aqui não é falar das maravilhas que é essa plataforma, mas também do fato de que ela bateu o dedo na quina de algum armário e, simplesmente, mostrou ser completamente inconveniente com o público.
Tudo começou com a ideia de tornar a plataforma mais “família”, com menos discursos de ódio, menos pirataria, sem preconceitos – isso ela fez até bem. Só que nada é um mar de flores. Começou a ter uma sequência de banimentos, muitos deles questionáveis e sem sentido.
Acredito que o caso mais popular e comovente que a comunidade do eSports presenciou foi da streamer Taynah “Tayhuhu”, que tomou ban por tempo indeterminado pelo simples motivo de pedir comida por um aplicativo e, quando a entrega chegou e ela saiu para recebê-la, sua filha de apenas 3 anos acabou invadindo a live e interagindo no chat.
Conforme as diretrizes da plataforma, criança não pode interagir, realmente, mas não foi intenção da Tayhuhu.
Além de toda a revolta pelo que aconteceu com a streamer, outro caso chamou a atenção: outra streamer mostrou as partes intimas na live, propositalmente, e recebeu apenas uma suspensão três dias. Quer dizer: aparecer uma criança sem intenção é muito pior que mostrar as genitálias para todo mundo. Com certeza é um motivo de muita revolta.
Pornografia?
E para podermos concluir se a twitch realmente prefere conteúdo adulto do que conteúdo criativo, vamos falar sobre o que está rolando hoje.
Twitch acabou de lançar a categoria um pouco (por assim dizer) quente. Com o gênero chamado “Pools, Hot Tubs, and Beaches”, em que as pessoas tomam banho de piscina e se sensualizam em frente à câmera, claramente ficou sendo uma categoria com número maior de mulheres usando e, por outro lado, o número de pessoas intencionais também aumentou. Não é um conteúdo explicito, mas faz a gente questionar por que isso é permitido e outras coisas tão bobas levam ao banimento.
Outro caso recente foi do youtuber Maicon Küster. Ele fez uma live com uma prótese de peito de silicone com decote, igual ao que muitas streamers fazem, mas somente ele acabou sofrendo um banimento de tempo indeterminado, enquanto as outras meninas que fizeram o mesmo tipo de conteúdo não sofreram nenhuma punição. Deixando claro: não há nenhum problema de mulheres usarem decotes, mas por que somente as mulheres podem usar o decote e as outras pessoas não?
Isso nos leva a questionar sobre a intenção da plataforma: se ela está sendo machista, transfóbica ou querendo se tornar um site de conteúdo adulto para homens héteros. E você, o que acha sobre?
Jonathan Oliveira
Designer gráfico, fotógrafo e diagramador do Jornal DR1
jonathanoliveira@jornaldr1.com.br