Doença respiratória comum hoje, especialmente em tempos da pandemia de Covid-19, a pneumonia também afetava dinossauros antes da existência do homem. Estudo coordenado por pesquisadores do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio (UFRJ), relata pela 1ª vez a ocorrência da doença em um dinossauro herbívoro Aeolosaurini, grupo extinto de titanossauros.
Com cerca de 5 m de comprimento e 2,5 m de altura, o animal viveu entre 71 e 66 milhões de anos atrás, no período Cretáceo, e foi encontrado no Morro do Cambambe, no Mato Grosso, nos anos 1950. O estudo teve como desdobramento a publicação recente de artigo na revista científica “Spanish Journal of Palaeontology”.
O fóssil foi encontrado por um dos pais da Paleontologia brasileira, Llewellyn Ivor Price, e desde então foi armazenado no Museu de Ciências da Terra, na Urca, Zona Sul carioca, e preservado em bom estado.
A partir da observação de um calombo ósseo irregular em uma costela, foram realizados exames para investigação no laboratório de Petrografia e Laminação do Museu Nacional.
“Ao analisar o calombo ósseo, bem vascularizado, notamos que sua microestrutura era semelhante aos casos de infecção óssea por pneumonia em aves, répteis marinhos e seres humanos. Como ele estava localizado na região interna da parede torácica em uma cavidade pneumática, foi possível diagnosticar que o animal sofria de pneumonia na hora de sua morte. Não podemos afirmar que essa doença tenha sido necessariamente a causa mortis, mas se não foi, pode ter fragilizado o animal para o desenvolvimento de outra doença fatal”, explicou o pesquisador Arthur Brum.
A descoberta abre novas perspectivas para a investigação da vida na Terra naquela época. “Saber que os dinossauros tinham pneumonia revela detalhes não apenas sobre o metabolismo dos titanossauros, mas sobre a evolução da doença em vários grupos de vertebrados e sobre como ela se comporta hoje”, diz o também pesquisador Alexander Kellner.