Texto publicado em www.jairocarioca.com
Estava jantando com o namorado e quando veio a conta, ele pagou sozinho. As amigas quando souberam ficaram horrorizadas, afinal, uma mulher empoderada, ou divide a conta ou paga suas próprias despesas. Mulher empoderada não espera que abram a porta do carro, não gosta quando elogiam seu vestido, é decidida, mora sozinha, e ser “dona do lar”? Deus me livre! Não tem insegurança e é perfeita em todos os detalhes. Afs…
Ser mulher se tornou exaustivo, chato e assim, perdeu-se o poder de avaliar o que realmente importa para a própria mulher, não sobrou espaço para ser aquilo que se deseja. O empoderamento foi sequestrado e distorcido por uma imagem de mulher com um nível de perfeição que ninguém dá conta, se tornou um aperfeiçoamento da perfeição, tornando assim a mulher refém de mais um padrão: ser empoderada. Mas nada disso faz sentido, ser empoderada é ser humanizada, despida de estigmas e rótulos. Num mundo de incertezas é preciso haver espaço para erros e dúvidas, elementos essenciais para a construção de ser mulher e isso, por si só, não é tarefa fácil, pois ser mulher é ser pauta. É querer ser Cinderela ou Malévola, ou as duas coisas ao mesmo tempo; ser ou não ser mãe; amar, ser hétero ou gay; sonhar com o casamento ou querer ficar sozinha curtindo a si mesmo num fim de semana; se incomodar ou não com a velhice; ser vaidosa ao extremo ou não ter nenhuma vaidade; é menstruar; é se masturbar; é transar no primeiro encontro ou quando der vontade ou nem querer transar; é lutar e se doar por suas próprias causas; é ser a santa e tbm ter espaço para ser a puta; ser uma executiva ou ser dona de casa ou os dois; sonhar acordada e viver também a realidade; e o principal: se amar e entender que ser mulher é tudo e tudo faz parte do ser mulher. Empoderadamento é saber que há espaço neste mundo e em todos os outros para ser a mulher que você quiser, inclusive você mesma, então reconstrua-se quantas vezes preciso for, afinal, ninguém segura uma mulher segura.
Jairo Carioca é colaborador do Jornal DR1