Com a pandemia de Covid-19 e o isolamento social, a Educação à Distância (EAD) ganhou força, tanto na grade curricular das escolas quanto no ensino complementar – os cursos preparatórios para objetivos específicos, como passar no Enem ou no Vestibular. Tudo indica que o ensino remoto, que já registrava crescimento nos anos anteriores, chegou para ficar.
Especialistas apontam que a pandemia da Covid-19 foi uma das principais responsáveis por provocar e acelerar o processo de alteração no sistema educacional, e, mesmo com a vida voltando ao “novo normal”, devido ao avanço da vacinação, os cursos à distância só tendem a ganhar cada vez mais adeptos.
O estudo “Expectativas do Ensino no Brasil”, do instituto de pesquisas Minds & Hearts, indicou que somente 8% dos estudantes entrevistados já estudavam remotamente antes da pandemia, enquanto 90% conheciam apenas cursos presenciais. Após a crise sanitária, 47% dos estudantes passaram a ter cursos on-line, 17% por vídeo-aula, 16% por ambas as formas e 3% aulas híbridas.
“O isolamento social impediu os estudantes de saírem de casa, e, com isso, a única forma possível de continuar a estudar era por meio da Internet. Com isso, muitos jovens puderam experimentar a modalidade de ensino online, e perceberam na prática que é possível, sim, aprender sem ser dentro de uma sala de aula”, comenta Daniel Ferretto, maior influenciador de Matemática da América Latina e criador da plataforma de estudos Professor Ferretto.
Na visão do professor, os cursos preparatórios pela Internet são uma alternativa para quem não consegue arcar com o custo de um cursinho tradicional, além de oferecerem outras vantagens. Ele listou os prós e contras do “online” e do “offline”:
- Custo x benefício — As plataformas de ensino online costumam ter preços mais acessíveis, já que não precisam de um espaço físico que comporte um número determinado de alunos. Como as plataformas podem ser acessadas por milhares de estudantes, do Brasil todo, tem valores muito mais em conta que os de cursos presenciais. “É possível oferecer educação acessível sem perder a qualidade de ensino. Isso acontece porque, na Internet, se trabalha.
- em escala. Por trabalhar com turmas pequenas, devido à limitação física de uma sala de aula, obviamente o ensino tradicional é bem mais caro”, comenta o influenciador.
- Comodidade: Além do valor reduzido, muitos optam por estudar de casa por ser mais confortável e prático, além de não precisarem se deslocar até a unidade mais próxima de um cursinho tradicional. “O aluno economiza tempo, pois não precisa se organizar para sair de casa em um determinado horário, chegar até o local de aula, e retornar para casa. Todo esse tempo gasto em deslocamento e preparação pode ser direcionado para os estudos, em casa”.
- Interação com outros estudantes: Nesse quesito, o modelo tradicional leva vantagem, pois por mais que seja possível interagir virtualmente, não é a mesma coisa que o contato “olho no olho”. “Na nossa plataforma, tentamos solucionar esse gap oferecendo acesso irrestrito à comunidade de alunos, na qual os estudantes podem trocar ideias, debater conteúdos e interagir. Mas, de fato, não se compara à convivência e ao contato proporcionado no presencial. De qualquer forma, mesmo no virtual, sempre é bom procurar companhia. Ficar 100% do tempo sozinho pode prejudicar os estudos”, diz.
- Estudar de qualquer local — O modelo online permite que os alunos acessem a plataforma de onde estiverem, desde que tenham uma boa conexão de Internet. “O estudante consegue aproveitar qualquer intervalo para assistir a uma aula ou revisar um conteúdo específico, seja na fila do banco, no ônibus ou no uber, por exemplo”, sugere Ferretto.
Mas ele faz uma ressalva: de nada adianta um vasto volume de conteúdo estar à disposição do aluno se ele não souber aproveitar. “É preciso tirar proveito desses momentos do dia que permitem estudar, nem que seja por 15 ou 20 minutos. O conteúdo está todo lá, mas é preciso que o aluno tenha disciplina e faça sua parte”.
- Maior autonomia — Por meio das plataformas online, os alunos ganham mais autonomia para aprender da maneira mais adequada ao seu perfil, diferentemente do modelo presencial. “No aprendizado pela Internet, o estudante organiza e faz a gestão de seu próprio plano de estudos, sem depender da grade e do que o professor decide apresentar naquele dia”, diz.
No entanto, novamente a disciplina e o bom senso do aluno são fundamentais. “É preciso traçar um cronograma equilibrado, que contemple todas as disciplinas, e seguir aquilo que foi planejado. Esse é um risco que se corre ao estudar pela Internet, o aluno precisa estudar de tudo, não deixar de lado as matérias que não gosta ou que têm mais dificuldade. Mas, se organizar de forma adequada, flui bem”.
- Horários mais flexíveis — No caso do ensino online, como as aulas ficam gravadas, os alunos não precisam se adequar a uma grade horária fixa, seguindo uma rotina menos “engessada”. “Cada um pode fazer seu planejamento como preferir, e pode alternar os estudos entre um dia e outro – dividir as disciplinas da forma como fizer mais sentido para si. Mais uma vez, independentemente do horário que o aluno prefira estudar – manhã, tarde, noite, ou até madrugada- o importante é reservar de fato aquele período do dia para se dedicar aos estudos, sem distrações ou interrupções”, alerta ele.Há alunos que relatam ter dificuldade em estudar pela Internet porque não conseguem se auto gerir e organizar o que deveriam estudar, de forma que faça sentido e seja encaixado ao longo do dia. “Muitas vezes quem está começando a estudar online acaba enfrentando esse tipo de dificuldade. Para a maioria dos alunos, uma vez que esteja familiarizado, o modelo funciona”, conclui o influenciador de Matemática.