Se na noite quente sentes a solidão rompendo tuas entranhas
e a companhia de ti mesmo é o teu único destino
enclausurado nas paredes mudas do quarto;
Se queres livrar-te de todos os inimigos que te odeiam
como pragas sussurrantes nos canaviais
e dos amigos não tens outro desejo
senão o dar de ombros, altivo e circunspecto;
Se, entretanto, pressentes o gosto amargo do desprezo
sobre tua cabeça engelhada
e as palavras,antes ternas e entusiasmadas,
parecerem aguilhões saindo de tua boca melancólica e hirta;
Se no claro luminoso do dia ainda pretendes
Ver o Deus de tua infância amparando os meninos na cidade malsã,
Mas tudo que realmente vês não passam de ética suja
e normas emasculadas de força e sangue;
Se o milagre custa a acontecer
e tua gente renega e maldiz tua inteligência argêntea
e teus argumentos ronronantes emolduram
nada menos que os sapatos dos mendigos
e o costado selvagem dos cavalos
e todo o teu respeito, soçobrante,
debulha-se nos cantos frios dos sorrisos passantes
e tua vida cinquentenária enruga-se
nas pequeninas conchas dos mares azuis, verdes, bálticos e findos;
Se não admites mais ofensas
porquanto adquiriste o bom hábito do silêncio sacral
e a calcinada poesia escorregou entre os dedos,
quando te alimentaste de sopas, massas,doces,
escorrendo gelatinosos dos lábios avermelhados
para cingir de opróbrio teu sobretudo americano;
Se continuas desejando sempre
a mesma mulher longínqua e etérea de tua juventude
e as canções nada mais significam,
além da saudade das pedras erigidas na casa ao lado da tua casa
e o lar em que habitas- bicho passional de duas patas –
te parece o subterrâneo invisível do mundo;
Se a indestrutível morte não assusta mais
e a tua alma cansada e renitente anseia
resplandecer junto aos atormentados do Cristo;
Se olhas bem no centro do espelho onde te refletes
para dizeres como o generalato russo:
Basta! Chega! Nunca mais!
Se apesar de todas as tuas loucuras e indignações,
ainda podes enxergar a face pura da criança
em tua face enrubescida, gasta;
Se amas desesperadamente,
além de todas as explicações e gramáticas enfadonhas da vida;
Então,meus queridos irmãos da terra,
finalmente podem gritar com toda a força de teus pulmões aquosos:
Toma o meu espírito, Senhor,
e nele permaneças além da minha própria morte!
Se não admites mais ofensas
porquanto adquiriste o bom hábito do silêncio sacral
e a calcinada poesia escorregou entre os dedos,
quando te alimentaste de sopas, massas,doces,
escorrendo gelatinosos dos lábios avermelhados
para cingir de opróbrio teu sobretudo americano;
Se continuas desejando sempre
a mesma mulher longínqua e etérea de tua juventude
e as canções nada mais significam,
além da saudade das pedras erigidas na casa ao lado da tua casa
e o lar em que habitas- bicho passional de duas patas –
te parece o subterrâneo invisível do mundo;
Se a indestrutível morte não assusta mais
e a tua alma cansada e renitente anseia
resplandecer junto aos atormentados do Cristo;
Se olhas bem no centro do espelho onde te refletes
para dizeres como o generalato russo:
Basta! Chega! Nunca mais!
Se apesar de todas as tuas loucuras e indignações,
ainda podes enxergar a face pura da criança
em tua face enrubescida, gasta;
Se amas desesperadamente,
além de todas as explicações e gramáticas enfadonhas da vida;
Então,meus queridos irmãos da terra,
finalmente podem gritar com toda a força de teus pulmões aquosos:
Toma o meu espírito, Senhor,
e nele permaneças além da minha própria morte!