Francisco de Moraes Alves, filho de imigrantes portugueses, proprietários de um bar na rua Acre, onde nasceu em 19/08/1898 foi mais conhecido como Francisco Alves, Chico Alves , Chico Viola e O Rei da Voz título dado, no final de 1933, por Cesar Ladeira, então speaker e diretor artístico da extinta rádio Mayrink Veiga.
Em 1918, Francisco Alves decidido de ser cantor faz seu primeiro teste com o maestro Antonio Lago ( pai de Mario Lago). Aprovado e admitido na Companhia João de Deus-Martins Chaves, que ocupava o Pavilhão do Méier e depois foi para o circo Spinelli. Ao mesmo tempo, por questões de sobrevivência trabalhava como motorista de praça. Fez parte de uma companhia artística que logo se dissolveu, com a pandemia de gripe espanhola que levou a óbito seu irmão Juca (José) e seu pai.
Com a morte do pai, do irmão e o casamento de suas irmãs, Francisco foi morar com sua mãe. Neste ano (1919), o grupo voltou a se organizar em Niterói e, mais uma vez, ele passou a integrar a companhia. Conheceu, neste período Sinhô compositor famoso que o apresentou ao filho de Chiquinha Gonzaga que estava instalando uma fábrica de discos, e já neste ano gravou pelo novo selo chamado Popular.
Neste trabalho trazia Sinhô como ritmista e as duas composições do disco eram de autoria dele, a marchinha “O Pé de Anjo” e o samba “Alivia Esses Olhos” em seguida Sinhô passou a ensinar Francisco as técnicas vocais.
Era uma figura alta magra, andava sempre elegante e bem penteado, um profissional ao extremo. Nos estúdios de gravação era exigente e de ouvido apurado, fazia valer seu perfeccionismo. Como não se deixava explorar pelos “folgados” do meio artístico, pois resistia aos empréstimos de dinheiro, ganharia deles o título de avarento, malgrado ser generoso mas horas certas com pessoas e obras de caridade que costumava socorrer. Apaixonado por futebol foi reserva do Bonsucesso e era torcedor do America Futebol Clube.
Desde menino amava o ambiente do turfe. Seus animais foram por varias vezes vitoriosos no hipódromo da Gávea. Outras particularidades: jamais bebia, fumava até dois maços de cigarros por dia, tinha medo de micróbios, mania de injeção. Amava a mãe, a família, as crianças e os animais. Era simples e alegre, de temperamento cordial, muito agitado e de falar alto. Tinha o semblante, por vezes, preocupado, de pavio curto e bom de briga. Mas, com tudo, extremamente gentil.
A rigor tudo que lançava era sucesso. Sabia garimpar como ninguém a musica de sabor popular, fosse de autor conhecido ou desconhecido. Sem dúvida um grande compositor, essencialmente, um melodista. Suas parcerias autores apenas letristas, por exemplo, Orestes Barbosa e
David Nasser foram prova do seu talento. Deixou mais de 130 composições e bastaria sua obra de autor para lhe garantir a perenidade na historia da música popular.
Francisco Alves a grande estrela dos bons tempos da Radio Nacional passou em Miguel Pereira parte de sua vida, ou em ferias ou administrando a loja de tecidos que havia montado na cidade. A casa que serviu de moradia para família Alves foi demolida, restando apenas como lembrança de sua passagem pelo nosso município, o Museu Francisco Alves, dedicado, exclusivamente, ao musico. O acervo do museu conta com objetos pessoais, fotografias, recortes de jornais, vários discos da trajetória do artista e o violão em lugar de destaque, em homenagem ao fenômeno da musica popular brasileira. Ajudou a consagrar importantes compositores como Cartola, Heitor dos
Prazeres e Ismael Silva. Imortalizou Canções como Se Você Jurar e Ah Que Saudade da Amélia.
Morreu tragicamente em acidente de trânsito na Rodovia Presidente Dutra no ano de 1952.