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Pai que perdeu família na tragédia de Petrópolis cria projeto em homenagem ao filho

No dia 15 de fevereiro de 2022, o país se sensibilizava e acompanhava uma série de enchentes e deslizamentos de terra que atingiram Petrópolis, no Rio de Janeiro. A tragédia deixou 241 mortos e milhares desabrigados.

Durante a tragédia, o professor Alessandro Garcia foi um dos atingidos. O petropolitano perdeu sua esposa, Carolina, filhos Bento e Sofia e seus sogros Elcio e Maria.

Em março, Alessandro criou o Projeto Borboleta Azul, com o objetivo de apoiar a causa autista da qual seu filho Bento fazia parte. O projeto realiza a capacitação e formação gratuita para cuidadores, mediadores escolares e assistentes terapêuticos para ajudar pais e professores na busca por uma melhor qualidade de vida às crianças com Transtorno do Espectro Autismo. O projeto é formado por Ana Paula Costa, Bete Oliveira, Bianca Pandini e Rafaela Amorim.

Segundo os dados do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, o Transtorno do Espectro Autismo (TEA) atinge de 1% a 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas. De acordo com a pesquisa, entre as crianças a proporção é de que uma a cada 44 sofra de um problema ainda pouco entendido, mas muito estudado.

Em entrevista ao Jornal DR1, o professor Alessandro contou sobre o surgimento do projeto.

“A perda da minha família acabou comigo, e durante a missa para eles, surgiu a ideia de fazer algo pra honrar a memória deles. O meu filho Bento era autista, então a primeira ideia era tentar pagar o tratamento, a terapia para algumas crianças. Logo, ao conversar com a psicóloga do meu filho, veio a ideia de fazer algo diferente. Então, ela me apresentou
às mães, pais de autistas e então, decidimos realizar um curso para formar pais com o objetivo de lidarem melhor com crianças com Transtorno Espectro Autista”, explicou.

O nome do projeto Borboleta Azul surgiu devido o resgate do corpo do Bento. Com apenas cinco anos, o pequeno faleceu soterrado na tragédia, e logo que foi encontrado, havia uma borboleta azul em seu corpo. Segundo o pai Alessandro Garcia, a borboleta só saiu após retirarem o Bento do local.

“O meu filho foi encontrado quando eu estava enterrando a minha filha e a minha esposa. E nesse dia, eu sabia que o nome do projeto seria borboleta azul”, disse.

O próximo curso acontecerá no sábado, 25 de junho no Alto da Serra em Petrópolis. Para participar basta se inscrever no email
(prosborboletaazul@gmail.com). O projeto também está disponível nas redes sociais @projeto.borboletaazul.

O professor declarou sobre a importância do projeto.
“A sociedade – pais e profissionais – não são preparados para acolher bem essas crianças autistas e incluí-las de fato. Então, a importância do projeto é que seja mais uma força para fomentar a inclusão. Quando tive o meu filho, eu tive um momento de susto. Mas, se eu tivesse feito uma caminhada numa escola, se eu tivesse me incluído mais, com certeza, eu teria lidado de maneira diferente com o meu filho no momento inicial”, explicou.

Alessandro Garcia finalizou contando sobre o sentimento ao fazer a diferença.

“Sobre o meu sentimento de fazer a diferença, eu ainda estou vendo isso porque estamos nos primeiros passos. Mas, fico feliz porque continuo fazendo um pouquinho do que minha esposa fazia. A Carol oferecia conselhos, encaminhava e tem crianças hoje que tem um tratamento de qualidade, porque a Carol as encaminhou”, finalizou.

 

 

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