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Serra: Uma pequena história do Rei do Baião em sua passagem por Miguel Pereira

No mês em que se comemora com muita  fé, cor e alegria um dos santos mais queridos do Brasil, São João não poderíamos deixar de falar de Luiz Gonzaga do Nascimento, o Rei do Baião, Majestade do Baião, Velho Lua, Bico de Aço o Gonzagão. Inventor do Forró (trio Pé de Serra), Baião, Quadrilha, Xaxado, Arrasta Pé e Chamego, seu instrumento era um acordeão de 120 baixos.

Foi uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Cantando, acompanhado por sua sanfona, zabumba e triângulo, levou alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino para o resto do país, numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado. Ganhou notoriedade com as canções “Baião”, “Asa Branca”, “Siridó”, “Juazeiro”, “Qui Nem Jiló” e “Baião de Dois”.

Luiz Gonzaga se referia a Miguel Pereira como a Suíça Brasileira. Era a preferida de todas as serras do Estado do Rio, onde viveu, por um período, e teve uma relação muito particular com os moradores locais e a cidade que foi seu refugio, mais precisamente, na Fazenda Asa Branca.

Nas festas de Sto. Antônio, padroeiro da cidade, era comum ele se apresentar com seus trajes típico, sua sanfona e cantar os seus sucessos.

Em 1957, após a emancipação do município, algumas pessoas passaram a se reunir em torno da ideia de construir um hospital. O artista se juntou ao grupo e passou a promover bailes e forrós beneficentes para arrecadar dinheiro e incentivar os cidadãos participarem da construção. Ele chegava, às vezes, ao largo da igreja com um grande lençol, pedia que as pessoas o sustentassem pelas extremidades e carregassem a sua frente. Atrás, ele vinha trajado tipicamente, tocando sua sanfona, cantando seus sucessos e arrecadando tudo que pudesse ser revertido em dinheiro para a construção. O hospital, único da região, leva o seu nome.

Em 1958 sua esposa Helena Gonzaga foi eleita, pela extinta UDN (União Democrática Nacional), vereadora da cidade. 

Há um grande reconhecimento da população à memória de Luiz Gonzaga, não só, pelo fato de ter contribuído e participado, entre outras coisas, na construção do hospital, mas, também, por ter cantado eternizado Miguel Pereira em uma de suas mais conhecidas canções. Fez da nossa cidade parte de sua história e registrou esse laço de amizade com a nossa terra, nossa gente, compondo em parceria com seu filho Gonzaguinha a canção “Boi Bumbá”. Na musica o Rei do Baião “reparte o boi” aqui em Miguel Pereira com personalidades locais, como o ex-prefeito Zé Nabo, Mario Tiburé, João da Fornemat, Maria Badulatti, Dr. Orlof…

Boi Bumbá

Para onde vai a barrigueira? Vai para Miguel Pereira. E a vassoura do rabo? Vai pro Zé Nabo. De quem é o osso da pá?  De Joãozinho da fornemá. E a carne que tem na nuca? É de seu Manduca. De quem é o quarto trazeiro? Dê seu Joaquim marceneiro. E o osso alicate? Dê para Maria Badulate. Para quem dou a tripa fina? Dê para Sabina. Para quem mando este bofe? Mande para Dr. Orlofe. E a capa do filé? Manda para o Zezé. Para quem vou mandar o pé? Para o Mario Tiburé. Para quem dou o filé mignon? Para o Dr. Calmon. E o osso da suã? Dê para Dr. Borjan, não é belo, nem doutor, mas é bom trabalhador… Ê boi, ê boi, ê boi do mangangá…

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