Entre o ser e o nada,
plantaria meus olhos ainda curiosos
e assim, arderia minha solidão nas ruas sujas,
nos parques movimentados e ruidosos,
na cidade que me espreita,
mas não suspeita
do homem renascido dentro do fogo.
E no ardor de me perder para sempre,
encontraria qualquer coisa de paz
no vento vindo do sul,
e então, me deitaria livremente,
à maneira dos suicidas
e contemplaria o céu distante da minha infância
numa estrela solene e sagrada
como o sofrimento na cruz.
E meus olhos mestiços resistiriam
ao enlace feroz do tempo.
E a poesia explodiria a gramática absurda da vida
e, cheia de compaixão,
derramaria minhas memórias
pelos caminhos indevassáveis do pó transformado em carne.
E o sons da noite seriam como a presença do mal,
perseguindo meus passos.
E meu andar trôpego um sussurrar longínquo,
quase imperceptível,
da frágil vida resistindo à chama enfurecida da morte.