A partir de 19 de julho, o Museu do Amanhã recebe a exposição “Amazônia”, de Sebastião Salgado, idealizada por Lélia Wanick Salgado, que assina a curadoria. Até dia 29 de janeiro, o público poderá conferir 194 fotografias de tirar o fôlego.
Há a grandiosa, deslumbrante, às vezes esmagadora visão da floresta, dos rios, de nuvens e montanhas. Há a beleza e a força dos povos indígenas no seu cotidiano e nas festas, com artefatos, espaços de convivência, expressões de uma miríade de civilizações integradas ao meio. E há o recorte de árvores, animais, margens, várzeas, clareiras. Na imensidão e no detalhe, no poderoso encadeamento da vida mineral, vegetal e animal, ressoa a frase de Sebastião Salgado: “Não são paisagens. É o bioma”. É o todo.
A mostra Amazônia é o resultado da imersão, por sete anos, de Sebastião e Lélia Wanick Salgado, na região que cobre o Norte do Brasil e se estende a mais oito países sul-americanos, ocupando um terço do continente; e 60% da Amazônia estão no Brasil. A maior floresta tropical do planeta, traduzida pelas lentes e pela cenografia dos Salgado, transforma-se aqui em convite à informação, à reflexão e à ação em defesa do ecossistema imprescindível à vida no planeta. “Ao projetar ‘Amazônia’, quis criar um ambiente em que o visitante se sentisse dentro da floresta, se integrasse com sua exuberante vegetação e com o cotidiano das populações locais”, comenta Lélia.
Tomadas por ar, por terra e água, as imagens – praticamente todas inéditas -, que estão distribuídas em núcleos temáticos, revelam o refinamento e a engenhosidade dos povos da região, alguns pouquíssimo contactados – em 1500 eram 5 milhões indivíduos e hoje estão reduzidos a menos de 400 mil. “Na Amazônia inteira, a sofisticação cultural [dos povos] é colossal”, diz Salgado, que registrou 12 etnias (das quase 200 remanescentes) para essa mostra.
A voz das comunidades ameríndias, aliás, pode ser efetivamente ouvida em sete vídeos que apresentam testemunhos de lideranças indígenas, sem intermediários. São relatos impactantes sobre a importância da terra, dos rios, da floresta amazônica e dos graves problemas que ameaçam, inclusive, a sobrevivência de indivíduos e de etnias. “Esta exposição tem o objetivo de alimentar o debate sobre o futuro da floresta amazônica. É algo que deve ser feito com a participação de todos no planeta, junto com as organizações indígenas”, defende Sebastião Salgado.
O patrocínio master de Amazônia no Brasil é da seguradora multinacional Zurich Insurance Group; o patrocínio ouro, da Natura e do Itaú.
Tomadas por ar, por terra e água, as imagens – praticamente todas inéditas -, que estão distribuídas em núcleos temáticos, revelam o refinamento e a engenhosidade dos povos da região, alguns pouquíssimo contactados – em 1500 eram 5 milhões indivíduos e hoje estão reduzidos a menos de 400 mil. “Na Amazônia inteira, a sofisticação cultural [dos povos] é colossal”, diz Salgado, que registrou 12 etnias (das quase 200 remanescentes) para essa mostra.
A voz das comunidades ameríndias, aliás, pode ser efetivamente ouvida em sete vídeos que apresentam testemunhos de lideranças indígenas, sem intermediários. São relatos impactantes sobre a importância da terra, dos rios, da floresta amazônica e dos graves problemas que ameaçam, inclusive, a sobrevivência de indivíduos e de etnias. “Esta exposição tem o objetivo de alimentar o debate sobre o futuro da floresta amazônica. É algo que deve ser feito com a participação de todos no planeta, junto com as organizações indígenas”, defende Sebastião Salgado.
O patrocínio master de Amazônia no Brasil é da seguradora multinacional Zurich Insurance Group; o patrocínio ouro, da Natura e do Itaú.
No espaço expositivo, o ambiente sonoro embala a visão das fotografias com a trilha sonora original do francês Jean-Michel Jarre, elaborada a pedido dos Salgado a partir dos sons da floresta.
A exposição apresenta ainda dois espaços com projeções de fotografias. Uma delas mostra paisagens florestais acompanhadas pelo poema sinfônico Erosão – Origem do Rio Amazonas, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959); a outra traz uma sequência de retratos de índios, sonorizada por uma peça de Rodolfo Stroeter especialmente composta.
Estas imagens são o testemunho do que ainda existe e o alerta sobre a terrível possibilidade do desaparecimento da vida e da natureza. Para superar o extermínio e a destruição, a informação, a participação e o engajamento é dever de todos, no planeta inteiro.
Ricardo Piquet, Diretor-Presidente do Museu do Amanhã, ressalta que a instituição está em sintonia com o tema: “Em 2022, o Museu do Amanhã dá protagonismo à Amazônia por meio de programações diversificadas que vão de exposições a debates. Nós temos o propósito de contribuir para a conscientização da importância da conservação do bioma e do patrimônio imaterial da região. É uma honra poder levar ao nosso público essa mostra imperdível de Sebastião Salgado, que abriu uma caminhada global de proteção aos povos indígenas da Amazônia. É impressionante poder conferir o olhar dele, que nos traz uma visão riquíssima e pouco conhecida da floresta e dos seus povos”.
Ao final da exposição, o visitante conhece o Instituto Terra no espaço dedicado ao espetacular trabalho de Lélia e Sebastião Salgado, iniciado em 1998 e que empreendeu o reflorestamento de cerca de 600 hectares de Mata Atlântica em Aimorés (MG), plantando milhões de mudas de árvores em extinção.
Além de replantar e recuperar a área – a terra, a vegetação, as importantíssimas nascentes que asseguram a continuidade da vida -, o Instituto forma mão-de-obra especializada, capacitando jovens ecologistas para proteger e conservar a biodiversidade da região. E, é claro, replicar o projeto Brasil afora. Atualmente, o projeto conta com patrocínio exclusivo da seguradora multinacional Zurich Insurance Group, e tem como meta plantar 1 milhão de árvores até 2028.
Paralelamente à exposição, vêm acontecendo, em todas as cidades, concertos trazendo um programa de absoluta afinidade com a mostra: Águas da Amazônia, de Philip Glass, composta em 1998; de Villa-Lobos, o conhecidíssimo Prelúdio das Bachianas Brasileiras n° 4 e, na segunda parte, nada menos que a poderosa Floresta do Amazonas, composta em 1958, que tem a Melodia Sentimental fechando a primeira Suíte da obra. O concerto carioca, marcado para o dia 23 de julho no Teatro Municipal, será regido pela maestrina Simone Menezes, com a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, grupo ligado à EMESP Tom Jobim (gerida pela organização social Santa Marcelina Cultura) e a soprano Camila Titinger.
Ao longo da suíte sinfônica, são projetadas em tela gigante uma seleção de fotografias de Sebastião Salgado, numa verdadeira colaboração artística. “Parece que a música foi feita para as imagens, ou as imagens pra a música”, diz o fotógrafo.