Ameaçado de extinção, um dos mais conhecidos símbolos da fauna brasileira, o mico-leão-dourado pode ser encontrado às margens da Rio-Juiz de Fora, em cidades das regiões Metropolitana e Serrana do Rio de Janeiro. Essa é a tese que o veterinário Eduardo Rubião, presidente da organização não governamental Pantharpia, pretende comprovar na pesquisa de doutorado que desenvolve na Escola Nacional de Botânica Tropical do Rio de Janeiro, vinculada ao Jardim Botânico. O estudo é feito por meio do Projeto Sagui Leão Rosalia.
Segundo o especialista, o habitat do mico-leão-dourado no estado do Rio de Janeiro é a Região de Baixada Litorânea. Por isso, mesmo sendo ameaçado de extinção, exemplares da espécie são encontrados com mais frequência nos municípios de Silva Jardim, Rio Bonito e Casemiro de Abreu, por exemplo. No entanto, devido à interferência da presença humana na Mata Atlântica, Eduardo revela que há três hipóteses da presença dos animais na Região Metropolitana do RJ: 1- Foram soltos pelas pessoas na área; 2 – Migraram da região de baixadas litorâneas ou; 3- Existiam pequenas populações remanescentes na área que não foram registradas pelos pesquisadores (essa possibilidade é mais remota, porém pode ter acontecido).
Contando com o apoio da Concer, concessionária que administra a BR-040, o veterinário pretende ampliar o monitoramento de populações de micos-leões-dourados em municípios como Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu e Petrópolis, que integram as regiões Metropolitana e Serrana do estado. “Temos nessas regiões nove unidades de conservação que estão conectadas, florestadas e protegidas. Ao longo dessa área de 200 mil hectares, temos seis municípios. E nesses locais, já descobrimos várias populações de mico-leão-dourado”, revela o coordenador do Projeto Sagui Leão Rosalia.
De acordo o especialista, muitos exemplares da espécie têm sido encontrados espalhados nessa área desde 2019, quando iniciou sua pesquisa. Eduardo explica que ele e os integrantes de sua equipe vão até os locais de ocorrência do mico-leão-dourado na Mata Atlântica, coletam material biológico dos animais para a pesquisa de doenças, genética (origem dos animais) e ações de monitoramento para em seguida devolvê-los à natureza.
Seus estudos indicam que a área estudada possui cerca de 30 mil hectares em condições de abrigar cerca de mais de dois mil micos-leões-dourados. “Esse trabalho de monitoramento do mico-leão-dourado na Região Metropolitana é inédito e muito importante, pois 12 milhões de pessoas habitam nessa área e precisam ser informados sobre o modo de como devem proceder ao encontrar o animal”, explica o veterinário.
Os resultados da pesquisa devem ser apresentados até o final do ano no meio acadêmico. Contudo, o especialista adianta que já registrou aproximadamente 150 indivíduos, divididos em 30 grupos familiares.
Encontrar esses primatas em regiões serranas, especialmente em função da altitude, explica Eduardo Rubião, pode indicar que a pressão da presença do homem e as mudanças climáticas — que estaria ficando mais quente — estejam provocando mudanças no habitat da espécie. Na década de 1960, o estado do Rio de Janeiro contava com apenas 200 indivíduos e hoje, em função da luta pela sua preservação, já existem aproximadamente três mil animais.