As ondas de calor estão se tornando mais recorrentes com o agravamento da crise climática. E entender melhor como os organismos marinhos vão lidar com o aumento das altas temperaturas, poderá nos dar melhor compreensão sobre a sua capacidade de adaptação ou não ao meio ambiente mais quente.
Para saber como exatamente o cérebro se comporta em altas temperaturas, pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia realizaram uma pesquisa usando larvas de peixe-zebra recém nascidos, cujo cérebro é parecido com o cérebro humano, tendo 70% do mesmo tipo de material genético.
Para estudar a atividade cerebral à medida que a temperatura da água fosse sendo aumentada de maneira gradual, os cérebros foram geneticamente modificados, de forma que os neurônios emitissem luz fluorescente quando ativos.
À medida que a água ia ficando quentes, eles perdiam o equilíbrio e ficavam nadando em círculos e de barriga para cima. Quando a água atingiu uma determinada temperatura, os peixes pararam de nadar. Os pesquisadores verificaram que eles ainda estavam vivos mas estavam em um estado de inércia, o calor “desligou” o cérebro.. O que os pesquisadores puderam notar é que ao subir a temperatura o cérebro parou completamente de responder aos estímulos, ficando inativo até que em um determinado momento o cérebro todo se iluminou. Em seguida, ao serem colocados em água fria, os peixes retomaram à boa forma e voltaram a nadar.
O passo seguinte da pesquisa foi manipular a quantidade de oxigênio na água à medida que aumentavam a temperatura. Descobriram que o oxigênio desempenhou um papel de tolerância térmica, quanto mais oxigênio, melhor o desempenho dos peixes nas altas temperaturas e maior a atividade cerebral.
Diversos organismos vivem em ambiente com baixa concentração de oxigênio, como por exemplo, os plânctons, base da cadeia alimentar da vida marinha e, extremamente sensíveis ao aumento da temperatura dos oceanos.
Entender exatamente o que acontece dentro do corpo quando a temperatura aumenta poderá nos ajudar a descobrir quais animais poderão ter mais chance de se adaptarem às novas temperaturas do planeta ou não.