Jornal DR1

Oração

Se pretendes oferecer algo a quem for realizar um pedido, seja quem for este alguém ou algo, oferece com carinho e não tenha a intenção de que está prestes a trocar algo.

Em meio às angústias, transforme-se na sua vontade, que deverá ser como o leme bem controlado de um navio, em meio a uma tempestade inevitável.

Aquilo a que chamam de ‘milagres’ são possíveis; entretanto, milagres não dependem de fé. Milagres dependem de Quem os faz. Milagres não dependem da fé dos que não os podem realizar, mas da vontade daqueles que os realizam; também de espécie de merecimento de quem os recebem, cujos critérios de julgamento e aplicação não são submissos ao nosso entendimento.

Estejam preparados para que a certeza e o alívio de serem atendidos possam ser, por si sós, tudo que receberão. 

As emoções são a primeira porta de comunicação com o invisível; a humildade é a segunda; a confiança sem expectativas é a terceira. Tal confiança não vem da mente ou do intelecto. Vem da sensação de que se está fazendo o que se tem que fazer da melhor forma possível, sem dispersões.  Caminhar de uma porta a outra é se alinhar ao fluxo da natureza, fluir leve e confiantemente, como na harmonia de uma dança, num encantamento.

Viver considerando que cada momento pode ser o último, longe de inspirar inconsequência e abuso, contrariamente à falta de perspectiva em qualquer futuro… Viver assim é estar diante do Grande Mistério.  E uma vez diante Dele, vocês se tornam Um.

A melhor forma de entender a vastidão da existência é saber que todo o lugar pode ser o centro do universo, já que ele não tem limites… e que nunca estamos no mesmo lugar, porque todo o universo se expande e todos os seus corpos estão cada vez mais longe do centro ( ou dos centros ) de onde se iniciou a expansão.

Quando acontece… mas já não começou a acontecer? Temos consciência do tanto que já pedimos, pelo que falamos e agimos… e nos veio e nos vem, até hoje, a nós, todos os dias? A insatisfação constante, desequilibrada, traz ilusão pior que a cegueira.

O adormecido desperta. A ausência das distâncias não é assunto tecnológico: é o momento e o lugar em que nosso propósito e nós – para além de nos unificarmos – iniciamos um novo mundo dentro do mundo, o mistério sem interferência, o olhar retribuído de quem consegue acolher o indizível, ouvindo a voz que nos inspira, pelo silêncio.

“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos” – Saint-Exupéry

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