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A jornada de um toquinho de gente

Antonio Pecci Filho – nome de batismo de Toquinho – nasceu em 1946, em São Paulo, no bairro do Bom Retiro, filho de pais com ascendência italiana. Ganhou o apelido quando, durante uma procissão de seu padroeiro, representou o Santo Antônio mais baixinho de que se teve notícia no bairro. Daí em diante, saiu de cena o “Toninho” para entrar o “Toquinho de gente”, como lhe chamava sua mãe, dona Diva.

O violão foi escolhido por Toquinho como uma possível saída para as crises emocionais que vivia, por se cobrar demais, principalmente nas épocas de prova na escola. No instrumento, teve uma primeira professora, que abandonou o aluno “por não saber ensinar tudo o que ele pedia” e passou em seguida a ter aulas com o mestre Paulinho Nogueira.

Em dezembro de 1964, participou com seu violão da peça “Balanço de Orfeu”, acompanhando Taiguara, e foi responsável pela direção musical da apresentação em São Paulo da peça “Liberdade, Liberdade”, que tinha em seu elenco estrelas como Paulo Autran, Tereza Rachel e Oduvaldo Viana Filho.

Toquinho também fez grande figura nos clássicos festivais da época. No 3° Festival da Canção Popular da TV Record, concorreu, em parceria com Vitor Martins, com a música “Belinha”, cantada por Wilson Simonal, desclassificada, porém, na apresentação inicial. Já no 3° Festival Internacional da Canção Popular, teve “Boca da Noite”, parceria com Paulo Vanzolini, classificada para a finalíssima da fase nacional, ficando em 8° lugar. Na noite histórica, o júri deu a vitória a “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, sob protesto de um Maracanãzinho lotado, que exigia o 1° lugar para “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”, a célebre canção de protesto de Geraldo Vandré.

Em 1966, graças a uma indicação do radialista Walter Silva, foi chamado a gravar e produziu o disco “O violão de Toquinho”, composto de solos de violão, com apoio de Ely Arcoverde, no órgão, Thommas Lee na flauta e José Roberto Marco Antonio na bateria.

Outro marco dessa época foi sua viagem à Itália, para onde fora em exílio o amigo Chico Buarque. De apresentações mambembes e calotes de empresários, os dois conseguiram emplacar uma temporada de 35 shows, fazendo a primeira parte das apresentações de Josephine Backer, estrela que brilhava no velho continente e era conhecida simplesmente como “La Backer”.

Da temporada na Europa, Toquinho deixou marcada em vinil a qualidade de seu violão no disco “La Vita, Amico, È L’arte Dell’incontro”, produzido por Sergio Bardotti em homenagem a Vinicius de Moraes, com participação do poeta Giuseppe Ungaretti e de Sergio Endrigo. Mais um laço na teia que marcaria a amizade de sua vida.

E foi a qualidade das gravações desse disco que levaram o poetinha Vinicius de Moraes a chamar Toquinho para acompanhá-lo, inicialmente em uma temporada na Argentina, ao lado da cantora Maria Creuza. Passo fundamental para a parceria, que durou quase onze anos (e encerrou-se com a morte de Vinicius), 120 canções, 25 discos e mais de mil espetáculos.

Difícil achar um brasileiro que não conhece ou não gosta de músicas como “Aquarela” e “O Caderno”, ambas de 1983, ou “O Pato”, de 1981. Canções como essas, gravadas por Toquinho e compostas com diversos parceiros, consagraram o paulistano como um dos principais artistas a unirem o lirismo da MPB e o universo infantil.

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