Artistas desejam fazer sua arte para todas as pessoas. Mas quando pensamos em “todas as pessoas”, de quem estamos falando? O teatro que nós fazemos possibilita que qualquer pessoa realmente tenha acesso a ele? Todas as pessoas são, de fato, bem-vindas?
Durante muito tempo, a ideia de acesso à cultura estava ligada somente a questões financeiras. Mas quando queremos que nossa arte seja verdadeiramente acessível, precisamos ampliar ainda mais nosso horizonte e abarcar as mais diversas especificidades do ser humano. Como a deficiência, por exemplo.
Pessoas com deficiência são a maior minoria do planeta e vivem, em sua maioria, nas regiões mais pobres de países em desenvolvimento, como o Brasil, afirma a ONU. Essa conexão entre pobreza e deficiência altera profundamente a dimensão da expressão “acesso à cultura”. Então, nossos espetáculos e os espaços culturais estão preparados para receber todas as pessoas? E o quanto isso diz respeito a nós ou é apenas visto como “um problema do Estado”? Essa é a reflexão que o ETA FESTIVAL vem fazer.
Estamos falando de um Festival de Esquetes de Teatro Acessível que surge para convocar artistas de artes cênicas para um grande evento de realização e exibição de cenas curtas. Mas festivais de esquetes já vimos bastante, não é? Só que o ETA tem um diferencial: quer realmente fazer um teatro para todas as pessoas. Assim, surgem os INsquetes – que são, necessariamente, esquetes com duas características:
1 – Plena acessibilidade na comunicação, como audiodescrição, Libras e legenda – a fim de possibilitar que todas as pessoas consigam desfrutar da cena, ampliando seu público;
2 – Diversidade/inclusão como temas principais em seu conteúdo – na dramaturgia ou na cena.
Mas não se trata aqui de criar esquetes didáticos ou voltados apenas para um público específico, como de pessoas com alguma deficiência. Trata-se de um festival destinado a artistas profissionais que desejam, através da ludicidade e criatividade, tratar de qualquer assunto que lide com a diversidade humana, da maneira que achar interessante, para o maior número de pessoas possível. Claro que o conceito de inclusão e diversidade é bastante amplo. Mas também exclui a ideia de “qualquer coisa”.
O ETA, para contemplar pessoas de todas as regiões do Brasil, será totalmente online e, claro, acessível. Portanto, se você é um artista/grupo profissional – com pouca ou muita experiência – de qualquer lugar do país e quiser criar uma cena teatral verdadeiramente acessível, venha com a gente! O ETA é um festival competitivo, com premiação em dinheiro, e com uma programação repleta de atividades artísticas e inclusivas.
O festival é uma iniciativa da Escola de Gente – Comunicação em Inclusão para celebrar os 20 anos do grupo Os Inclusos e Os Sisos – Teatro de Mobilização pela Diversidade. Uma companhia de teatro que vem desenvolvendo um trabalho continuado que une teatro e inclusão e que já se apresentou para mais de 200 mil pessoas em todo o Brasil. O grupo foi premiado na sede da ONU em Viena, Áustria, no ano de 2014, como um dos projetos mais inovadores do mundo. No Brasil, foi finalista do Prêmio Faz Diferença, do Jornal O Globo e recebeu menção honrosa no festival Claro Curtas.