Jornal DR1

Perguntas ao vento

O que fazer com a alegria? 

O que fazer com a tristeza?

O que fazer com a esperança e os desatinos? 

E os sonhos? 

E o amanhã errático?

O que fazer com a morte, sempre à espreita?

O que fazer com o desejo, nu e inconsolável?

O que fazer com a estranheza dos dias? 

O que fazer com as distâncias que nos separam a todos?

O que fazer com o homem incompreendido e arruinado? 

O que fazer com as circunstâncias e as pompas sociais?

O que fazer com o sofrimento? 

E a filosofia?

O que fazer com os devaneios impublicáveis?

O que fazer com a descoberta das flores na casa dos pais mortos?

O que fazer com a memória? Melhor seria arrancá-la do peito!

O que fazer com o encantamento inaugural dos olhos?

O que fazer com a política nos telejornais?

O que fazer com as coisas singelas e aconchegantes? 

E o dinheiro rareando?

O que fazer com o descontentamento e a bílis vinda do fígado? 

O que fazer com a fragilidade essencial dos seres? 

E a discordância entre povos e credos?

O que fazer com as delícias temporais? 

E o perfume amadeirado nos pulsos da mulher amada?

O que fazer com a solidez dos muros inalcançáveis? 

O que fazer com a nostalgia dos segredos ruminados ao vento? 

E o improvável esquecimento de tudo?

O que fazer com o vazio brandindo no peito?

E a imprudência sem sentido do mal-entendido?

O que fazer com as juras de amor?

O que fazer com o que nasce e aflora gratuitamente? 

O que fazer com a indiferença das almas solitárias?

O que fazer com a pretensão dos irônicos? 

E a ilusão da serenidade?

O que fazer com o luto permanente pelos ausentes? 

O que fazer com a saudade de ti, vozinha?

O que fazer com a luz no ventre das mulheres grávidas? 

E a alegria do mundo na face do recém-nascido desvelada?

Confira também

Nosso canal

Error 403 The request cannot be completed because you have exceeded your quota. : quotaExceeded