Dedicado à minha esposa, Luciana
Tempestades de areia, carvão e diamantes que cegavam não os impediram de sentir… o outro está por perto… e os espinhos – cravados em cada poro – no abraço e no enlace traziam mil dores… mas as mãos permaneceram firmes, dadas com a fé dos que não crêem em nada.
Despertos com força e fúria, adormecidos desde antes de seus nascimentos… corajosos por escolherem novamente a união, justo quando todos os seus fantasmas, mesmo os demônios mais antigos, despertavam, tanto num quanto no outro, ao mesmo tempo – por muitas vezes, tudo o que quiseram diante de tais bestas foi a fuga, a cegueira, a insensibilidade e a morte.
Quando um ao outro traz o prazer e o gozo, a fluidez da vida na pele e nos sonhos, nas mãos que acariciam, no beijo traz a vida novamente ao peito, no olhar que aquece um lugar em nós que mal sabíamos …
Quando provocam, um no outro, os únicos abismos que fazem ver as alturas inatingíveis… sobrevivendo a lutas inimagináveis… compartilhando a gratidão que não se apaga com o fenecer da carne… o amor que ascende com os anos, contrário ao movimento dos nascimentos e das mortes, cuja roda insiste em prender os espíritos que – em troca de alguns prazeres e gozos – aceitam tanta dor, sofrimento, doença, tristeza e abandono, no afã de repetirem-se, negando a evolução contínua – tendência que trazem, em mistério.
Abençoada seja por esta e pelas outras vidas que vierem, tal união! Pelas Deusas e Deuses de todos os Panteões, abençoada! Porque a raridade do amor, oculta ao vulgo, só se dá por merecimento! Coragem, bravura, simplicidade, confiança… e uma série tão vasta de virtudes que, mesmo simplesmente para ser percebida, está mais para um milagre, uma aberração ou algo inapropriado ao humano.
A vida pode ser vivida de muitos meios diferentes; grandes desafios são dados a grandes almas. O aprendizado que ela nos traz é diário e jamais devemos nos descuidar do que e de quem realmente importa. Mais do que o sangue, é o coração – que o faz vivo – o que forma uma família, porque são AQUELES e AQUELAS que escolhem – e AO se escolherem, uns aos outros – vivem livremente lado a lado, escrevem o verdadeiro Livro Sagrado, contam a história de como a Divindade faz morada na Terra, como ela se dividiu para novamente se reconstruir, de tão pouco… para novamente de tantos, se tornar APENAS UM.