Houvesse uma multidão iracunda apontando o dedo em riste e cheia de ódio febril, quisesse impor ao acusado as penas sacrificiais que dilaceram o corpo sarcopênico e afligem e mortificam a alma vicejante.
Houvesse uma gente ressentida até a apoteose da possessão e, incontrolável, destilasse seu veneno por todos os poros até a gritaria tresloucada, exigindo a pena capital lavrada sob dores de cusparadas e achincalhes hediondos.
Houvesse um tribunal formado por juízes ardilosos que procurassem antes agradar à patuleia do que servir os ditames da lei e da justiça e que se desesperassem à procura de elevar ao paroxismo a desonra e o cinismo.
Houvesse um longo corredor sanguíneo rumo ao cadafalso onde a execução pudesse enfim ser cumprida, então diante de Deus e dos homens, ele se rebelaria e diria à maneira dos poetas inocentes: lobos em pele de cordeiro!