O projeto acontece uma vez por semana nas escolas e no campus da Veiga de Almeida, na Tijuca
No próximo sábado, dia 11 de fevereiro, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências. A data foi criada em 2016 pelas Nações Unidas e UNESCO, a fim de promover a participação igualitária das mulheres nas ciências.
E foi com este objetivo, que a coordenadora do Núcleo de Inovação Pedagógica da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Viviane Japiassú, idealizou o projeto “Meninas e Mulheres da RR2D: Ciência, Tecnologia e Educação para Redução de Riscos de Desastres e Desigualdades”, que, atualmente, atende estudantes de escolas municipais da Zona Norte.
Dados da ONU e da UNESCO apontam que as mulheres representam menos de 30% dos pesquisadores no mundo todo e demonstram como ainda persistem as barreiras e a baixa representatividade para mulheres e meninas, sobretudo em áreas como ciências, tecnologia, engenharia e matemáticas (STEM, na sigla em inglês).
Para Viviane, o caminho para mudar este cenário é investir na educação das meninas a partir do Ensino Fundamental, para que, desde cedo, despertem o interesse e desenvolvam as capacidades que vão fazer a diferença lá na frente, na hora de optar por uma carreira.
O projeto acontece uma vez por semana nas escolas e no campus da Veiga de Almeida, na Tijuca, com oficinas práticas de eletrônica básica, mapeamento de riscos sociais e ambientais no entorno dos bairros em que as estudantes residem, produção de protótipos em impressora 3D, oficinas de robótica e eletrônica, aulas de criação de produtos audiovisuais e jogos, workshops e rodas de conversa com profissionais dos setores de engenharia e tecnologia, além de debates com especialistas sobre desigualdades e gênero.
O trabalho já começou a dar frutos. Aluna da Escola Municipal República do Peru, no Méier, Maíra Santos, de 14 anos, conta que descobriu sua vocação para a TI e já conseguiu sua primeira fonte de renda graças ao projeto. “Sempre gostei muito de tecnologia e o projeto fez com que eu me dedicasse ao estudo de computação. Também passei a me interessar mais por ciências”, contou a estudante.
A mãe de Maíra, Janaíldes Santos, de 43 anos, reforça o depoimento da filha, e relata, com orgulho, que a aluna já conseguiu até um trabalho. “Desde que iniciou o projeto, Maíra não para de estudar. Não temos computador em casa e ela estuda pelo celular mesmo. Foi assim que conseguiu aprender a formatar um notebook, e ganhou R$ 100 pelo serviço”, contou.
O empenho de Maíra contagiou a mãe, que trabalha como diarista e já pensa em voltar à universidade para estudar Psicologia.
De acordo com Viviane, além de despertar o interesse das meninas para a ciência, a atividade de extensão também tem o propósito de impactar as famílias. “Estas alunas levam inspiração e conhecimento para dentro de casa, e as famílias precisam estar apoiando e envolvidas para que elas possam se desenvolver”, relatou.
A Faperj destinou 23 bolsas integrais para o projeto, contemplando 15 meninas do ensino fundamental, cinco professoras orientadoras de escolas municipais públicas e três alunas inscritas no Programa de Iniciação Científica da UVA. Participam as escolas municipais Bento Ribeiro e República do Peru, no Méier; Acre, Todos os Santos e Rio Grande do Sul, no Engenho de Dentro e Thomas Mann, no Cachambi.