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Observatório de Favelas apresenta resultados das obras de reformas e revitalização do Conjunto Habitacional do Tijolinho

O Observatório de Favelas promoveu na última quarta-feira (15), a apresentação de resultados do Projeto Melhorias Habitacionais em Rede no Tijolinho: Implementação e Difusão de Saberes Integrados. A proposta consiste na realização de um programa piloto de Assistência Técnica para Melhorias Habitacionais no conjunto habitacional Tijolinho, localizado na Nova Holanda, Conjunto de Favelas da Maré,  Zona Norte do Rio.

A iniciativa possibilitou a execução de reformas-modelo realizadas com base em pesquisas anteriores e a aplicação de metodologias de diagnóstico coletivo, valorizando o trabalho participativo dos moradores do território, tendo como foco o protagonismo local nas etapas de planejamento e de execução das obras.

Ao todo, três casas da região passaram por obras de melhorias e também foi construída uma praça como um espaço de lazer e convivência coletiva para os moradores do Tijolinho. A ideia é mostrar a viabilidade da Lei Municipal 642/2017, de autoria da vereadora Marielle Franco, que tem como objetivo garantir que o Município do Rio preste Assistência Técnica Pública e Gratuita para Elaboração do projeto e a construção, reforma, ampliação e regularização fundiária de habitação de interesse social, às famílias com renda mensal de até três salários mínimos, que possuam um único imóvel e residam no Município há, pelo menos, três anos.

Para o pesquisador de Políticas Urbanas do Observatório de Favelas, Lino Teixeira, o projeto colocou em prática uma metodologia onde incluiu o morador de forma ativa no processo de revitalização urbana, incluindo os profissionais que trabalhem direta ou indiretamente na área da construção civil.

“A proposta é fazer do morador o sujeito dessa ideia e não apenas objeto. Isso significa que quem mora no local não tem direito apenas à participação do processo, ou seja, somente discute sobre a questão habitacional. Ele pode protagonizar esse processo, opinando de que forma ele deseja a aparência do imóvel, por exemplo. Além disso, a ideia é fazer disso uma rede que envolva as lojas de construção da Maré, montando uma estrutura que traga esse comércio local para facilitar a viabilização desse processo habitacional, possibilitando descontos para o morador e mobilizando esse comerciante também para o tema das políticas públicas sobre moradia”, explicou Teixeira, salientando que o modelo deve ser pensado para outras áreas periféricas do Rio.

A iniciativa do projeto Melhorias Habitacionais em Rede no Tijolinho: Implementação e Difusão de Saberes Integrados é uma realização pelo Observatório de Favelas, a partir do eixo de Políticas Urbanas, e FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ e tem o patrocínio do CAU RJ – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro.

Sobre o Tijolinho

A história do Tijolinho, o TJ, conjunto habitacional que fica na Nova Holanda, localizado em uma das 17 favelas da Maré, tem início nos anos 60 com a construção de habitações provisórias para famílias que haviam sido removidas de favelas da Zona Sul do Rio de Janeiro como Esqueleto, Praia do Pinto, Querosene, Macedo Sobrinho – e desabrigadas pelas chuvas. Construído sobre aterro de área de mangue na margem da Baía de Guanabara e ao lado da Avenida Brasil.

As casas originais do conjunto habitacional eram feitas em madeira com a promessa de que os moradores teriam suas casas “definitivas”, em alvenaria, num segundo momento. Como era “provisório”, os moradores não tinham gerência sobre as casas que moravam, pois pertenciam ao Estado e eram administradas pela Fundação Leão XIII.

Nos anos de 1980, o Projeto Rio trouxe a esperança de que aquela realidade poderia ser revertida. Mas depois de quase uma década de ações, o projeto foi interrompido, deixando milhares de famílias vivendo ainda em moradias precárias. A estrutura do Projeto Rio propiciou o fortalecimento das Associações de Moradores que eram fundamentais para a operacionalização do projeto, o que foi fundamental para a construção de um movimento comunitário de luta por moradia.

No início dos anos 90, portanto, quase 30 anos após suas construções, as casas modelo “duplex” deste conjunto de habitação provisória na Favela Nova Holanda encontravam-se em condições de degradação, com riscos de desabamento e incêndio.

Os moradores se uniram para lutar por melhores condições e tiveram grandes conquistas. Uma delas foi a reconstrução dos “duplex”, agora em alvenaria. Foram 253 unidades construídas.

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