Monólogo sobre a pintora Anita Malfatti, precursora do movimento modernista, estreia em curta temporada no Espaço Cultural Sérgio Porto
A peça “Anita – A festa da cor” é inspirada na vida e obra da pintora Anita Malfatti, precursora do movimento modernista no Brasil. Com direção e dramaturgia de Mariana Queiroz, o espetáculo estreia no Espaço Cultural Sérgio Porto em curtíssima temporada de dois fins de semana, de 19 a 28 de maio.
Idealizado e interpretado pela atriz Araci Breckenfeld, o monólogo celebra a autenticidade de Anita, de suas cores vibrantes e traços fortes, criando diálogos a partir dos prazeres e tormentos de ser artista mulher. A intensidade dos contornos que fazem sua história tão instigante traz reflexões para a peça sobre reconhecimento, incompreensão e liberdade.
Mariana Queiroz ressalta que o conceito do espetáculo passa pelo caminho de ter que se “destruir” para conseguir chegar a um lugar melhor. “O conceito é que a gente precisa quebrar para conseguir alcançar a nossa luz verdadeira, o que faz a gente vibrar, sem ser o que as pessoas disseram. A gente chega no mundo já temos uma estrutura ali ‘você é assim, você faz desse jeito’. Então, o que a gente precisa realmente se esforçar, pegar nessa ferramenta pra pessoa ir mais fundo nisso”, explica.
Além disso, ela enfatiza também que a sociedade sempre viveu de padrões e Anita quis se isolar dessas definições sociais e o espetáculo fala, justamente, sobre esse afastamento das convenções sociais. “Um olhar mais profundo para tirar as pessoas da caixa, desse padrão que você encontra, que você se identifica. Ela fala muito de quando ela se sentia encantada com a vida e com a cultura. É isso que me faz, não importa se o que me falam que tenho que pintar de um jeito’. As cores a fizeram vibrar”, diz.
A atriz e idealizadora do espetáculo, Araci Breckenfeld, afirma que espera desconstruir alguns pensamentos e atitudes padronizados e enraizados na sociedade atual. “A Anita foi essa desbravadora de questionar o padrão. Porque havia uma tendência da estética europeia e ela vem pra quebrar isso, e o modernismo faz crescer a nossa nacionalidade. Muita gente baseou sua arte olhando para o padrão estético de fora, que nos é imposto. E essa construção artística da Anita fala um pouco sobre ‘nós somos sociedade com seres humanos que produz cultura”, analisa.
Além dos desafios e preconceitos enfrentados por ser uma mulher no universo das artes então (-ainda?) dominado pelos homens, Anita Malfatti era uma artista com deficiência, para dar visibilidade a essa questão, o espetáculo conta com a participação das artistas Roberta Holliday e Isadora Ifanger, que compõem o espetáculo. Durante a apresentação, Roberta irá pintar uma obra de arte no mural do CIEP Presidente Agostinho Neto, em frente ao teatro. Já Isadora irá recitar um texto em off, de sua autoria, durante a apresentação de Araci.
Araci está no elenco do filme “Bem-vinda a Quixeramobim”, do diretor Halder Gomes, comédia que disponível na GloboPlay. Mais recentemente, em 2022, a atriz fez uma participação na terceira temporada de “Cine Holliúdy”, série de comédia da Globo. Participou também das gravações de “Dona Vitória”, filme protagonizado por Fernanda Montenegro, a estrear em 2024.
AMOR E ARTE
São abordados ainda na peça a amizade romântica de Anita Malfatti e o escritor Mário de Andrade, as obras da artista, as relações familiares dentre outros temas, costurados por uma narrativa que foge das histórias dominantes. “Desejamos aprofundar quem foi Anita Malfatti, abrindo mão de uma cronologia linear, factual. Já existe muita informação na internet, mas é preciso um mergulho na subjetividade de Anita para tentar compreender suas escolhas artísticas, o caminho que ela trilhou em busca das cores, da independência que o próprio Brasil luta em conquistar até hoje”, afirma a atriz idealizadora Araci Breckenfeld.
QUEM FOI
Anita Malfatti, nasceu em dezembro de 1889, em São Paulo, entre os anos de 1910 e 1914 estudou na Alemanha, já entre 1915 e 1916, nos Estados Unidos. Ela é considerada a precursora do modernismo no Brasil, tendo participado da Semana de Arte Moderna de 1922, em alusão ao centenário da Independência do Brasil. Sua exposição de 1917 foi de suma importância para o desenvolvimento do movimento modernista. Em 1928, após voltar da França, Anita Malfatti se afastou um pouco do modernismo e passou a ensinar desenho e pintura. A partir da década de 1940, a artista passou a produzir pinturas mais centradas na cultura popular. Anita Malfatti morreu em 6 de novembro de 1964, em São Paulo.
SERVIÇO
Espetáculo “Anita – A festa da cor” – De 19 a 28 de maio
Sextas e sábados às 20h e domingos às 19h / 27 de maio sessão com Libras
Ingressos na plataforma Sympla / R$30 inteira e R$15 meia
Classificação indicativa: Livre / Duração: 50 minutos
Local: Espaço Cultural Sérgio Porto
Endereço: Rua Visconde de Silva, s/n, ao lado do 292 – Humaitá – Rio de Janeiro